sexta-feira, 29 de maio de 2015

O NECESSÁRIO ACOLHIMENTO DAS CRIANÇAS COM DEFICIÊNCIA*


O Caminho da Luz, em Bagé-RS, realiza louvável trabalho junto às pessoas com deficiência e conta com parcos recursos para manter suas atividades. Visite e conheça a sua realidade!

Numa época onde afloram as lutas por uma sociedade mais justa e igualitária, uma parcela da população continua a ser discriminada diariamente. E o que é pior, são discriminadas desde o nascimento e, muitas vezes, pelos próprios pais.
             
Falamos das crianças que nascem com alguma deficiência moderada ou profunda. Desde o último ano o Fundo das Nações Unidas para a Infância – UNICEF vem apelando para o fim das discriminações contra crianças deficientes.
             
Segundo dados da própria UNICEF, cerca de 93 milhões de crianças, ou seja, uma em cada vinte crianças de 0 a 14 anos, vive com deficiência moderada ou profunda. No entanto, o que mais agrava essa situação é a falta de dados sobre essas crianças, visto que muitas crianças deficientes vivem na invisibilidade porque seus pais deixam de proceder ao registro quando do nascimento, o que lhes impede o acesso aos serviços sociais e proteções legais que são cruciais para sua sobrevivência e panorama.
             
Há países que creem que ter uma criança deficiente é considerado como “má sorte”, não apenas para a criança, mas para toda família.
             
Por outro lado, Allan Kardec em O Evangelho Segundo o Espiritismo, refere que “Jesus toma a infância como emblema de pureza e simplicidade”, independentemente da criança ser deficiente ou não. Tal comparação é correta, segundo Kardec, se levarmos em conta apenas a vida presente, visto que o Espírito da criança pode ser muito antigo e ter trazido para a vida corporal as imperfeições de que se não tenha despojado em suas precedentes existências, justamente como as crianças que apresentam algum tipo de deficiência.
             
Apenas o Espiritismo, calcado no princípio da pluralidade das existências oferece explicação plausível para que não discriminemos uma criança que nasce com algum tipo de deficiência.
             
Na obra “O Que é o Espiritismo”, Allan Kardec indaga da plêiade de Espíritos Superiores o seguinte: “- Por que há pessoas que nascem cegas, surdas, mudas ou afetadas por doenças incuráveis, enquanto outras têm todas as vantagens físicas? É o efeito do acaso ou da Providência?” – obtendo a seguinte resposta: “- Se é o efeito do acaso, não há Providência; se é o efeito da Providência, pergunta-se, onde está sua bondade e sua justiça? Ora, é por não entender a causa desses males que muitas pessoas são levadas a acusar Deus. (...) Admitindo-se a justiça de Deus, deve-se admitir que este efeito tem uma causa; se essa causa não pertence à vida presente, deve ser de antes dessa vida, visto que em todas as coisas a causa deve preceder o efeito; para isso faz-se, pois, necessário que a alma haja vivido e merecido uma expiação”.
            
O importante, no entanto, é o acolhimento deste Espírito que retorna ao mundo material com um invólucro carnal deficiente. Ele necessita de reconforto, porque são nossos outros filhos do coração, que volvem das existências passadas, mendigando entendimento e carinho, a fim de que se desfaçam dos débitos contraídos consigo mesmos. Para muitos deles, o dia claro ainda vem muito longe, ainda assim, é nosso dever estender os braços através do trabalho, antes explorando suas capacidades do que suas incapacidades.
             
Nesse sentido, é compromisso dos governos, segundo a UNICEF, apoiar as famílias face aos altos custos com os cuidados das crianças com deficiência e programar medidas de luta contra a discriminação de deficientes.
             
“Enternece-te e auxilia-os, quanto possas! E, cada vez que lhes ofertes a hora de assistência ou a migalha de serviço, o leito agasalhante ou a lata de leite, a peça de roupa ou a carícia do talco, perceberás que o júbilo do Bem Eterno te envolve a alma no perfume da gratidão e na melodia da bênção”. Meimei. 

(Referências: Allan Kardec. O Evangelho Segundo o Espiritismo. FEB Editora. Capítulo 8. Item 3. Allan Kardec. O Que é o Espiritismo. LD Editora. Cap. 3. Item 134. Chico Xavier e Waldo Viera por Espíritos diversos. O Espírito da Verdade. FEB Editora. p. 67-68. http://www.voaportugues.com/content/unicef-relatorio-mundial-criancas/1671572.html.)

José Artur M. Maruri dos Santos
Colaborador da União Espírita Bageense
Comente: josearturmaruri@hotmail.com

*Coluna publica pelo Jornal Minuano, em Bagé/RS, que circulou entre os dias 01 e 02 de novembro de 2014 e que também pode ser acompanhada pelo jornalminuano.com.br.

sexta-feira, 15 de maio de 2015

A EDUCAÇÃO NOS PRIMEIROS ANOS*





“Bem-aventurados os que têm puro o coração, porquanto verão a Deus. (Mateus, 5:8)”.
            
 A pureza do coração caminha lado a lado com a idéia de simplicidade e de humildade, por isso Jesus toma a infância como emblema dessa pureza.
             
Por outro lado, o Espiritismo tem como um de seus princípios básicos a pluralidade das existências. Então como conciliar o ensinamento do mestre ao princípio espírita?
             
A criança já viveu diversas existências antes de reencarnar, porém, faz parte integrante na obra de Deus a criança não se mostrar desde o nascimento. Ainda assim, nos dias de hoje, logo nos primeiros anos de vida já se pode observar ações por parte da criança que não derivam de reações, ou seja, surgem de forma espontânea e já passam a definir o caráter daquele Espírito, temporariamente, encarcerado num pequenino corpo, oferecendo provas visíveis do princípio imutável trazido à tona pelos Espíritos.
             
Allan Kardec refere que “a criança necessita de cuidados especiais, que somente a ternura materna lhe pode dispensar, ternura que se acresce da fraqueza e da ingenuidade da criança. (...) Ela não houvera podido ter-lhe o mesmo devotamento, se, em vez da graça ingênua, deparasse nele, sob os traços infantis, um caráter viril e as ideias de um adulto, e ainda menos, se lhe viesse a conhecer o passado”.
             
Por outro lado, a educação dos pequeninos deve partir de uma cooperação mútua entre o professor e o aluno. E quando dizemos professor, estamos nos referindo, também, aos pais. A base do ensino deve partir do amor. Já dizia o “Espírito André Luiz”: “O auto-aprimoramento será sempre espontâneo. Disciplina excessiva, caminho de violência”.
             
Por isso, a importância de um movimento declarado em São Paulo, intitulado “SlowKids”, iniciado na Europa e nos Estados Unidos, que prega a desaceleração da rotina das crianças, com atividades voltadas para oficinas de jardinagem, brincadeiras antigas e piqueniques (vide Jornal Folha de São Paulo de 24 de outubro, link abaixo).
            
Para Kardec, “é necessário que a atividade do princípio inteligente seja proporcionada à fraqueza do corpo, que não poderia resistir a uma atividade muito grande do Espírito”.
             
Os primeiros anos do indivíduo, podemos dizer, são os mais importantes. Isso porque, no início da vida os instintos conservam-se sonolentos, tornando o pequenino mais maleável, mais acessível às impressões capazes de lhe modificarem a natureza e de fazê-lo progredir, tornando mais fácil a tarefa que incumbe aos pais e professores.
             
O “Espírito André Luiz” ressalta a importância, nessa fase, do culto do Evangelho em casa, para que ele una-se à matéria lecionada em classe, “na iluminação da mente em trânsito para as esferas superiores”.
             
Enfim, mais uma vez, razão assiste a Jesus quando, sem embargo da anterioridade da alma, quando toma a criança por símbolo da pureza e da simplicidade.
             
“A educação real não recompensa nem castiga. A lição inicial do instrutor envolve em si mesma a responsabilidade pessoal do aprendiz. Os desvios da infância e da juventude refletem os desvios da madureza. Aproveitamento do estudante, eficiência do mestre”. André Luiz. 

(Referências: Allan Kardec. O Evangelho Segundo o Espiritismo. FEB Editora. Capítulo 8. Item 4. Chico Xavier e Waldo Viera por Espíritos diversos. O Espírito da Verdade. FEB Editora. p. 63-65. http://www1.folha.uol.com.br/equilibrioesaude/2013/11/1370057-movimento-prega-a-desaceleracao-da-rotina-das-criancas.shtml.)

José Artur M. Maruri dos Santos
Colaborador da União Espírita Bageense
Comente: josearturmaruri@hotmail.com

*Coluna publicada pelo Jornal Minuano, em Bagé, que circulou entre os dias 26 e 27 de outubro de 2014 e que também pode ser acompanhado no portal jornalminuano.com.br.