Em maio de 1886, realizou-se uma
manifestação de trabalhadores nas ruas de Chicago nos Estados Unidos onde se
reivindicava a redução da jornada de trabalho para oito horas diárias. Após
diversos confrontos entre trabalhadores e a polícia, o resultado foi a morte de
doze manifestantes e diversos feridos. O acontecimento ficou marcado como a
Revolta de Haymarket. O fato narrado foi o estopim para diversas manifestações,
sempre no dia 1º de maio, ficando a data marcada como o dia internacional do
trabalhador.
Em “O Livro dos Espíritos”, Allan
Kardec indaga da plêiade de Espíritos superiores por que o trabalho é imposto
ao homem, sendo dito que o trabalho é uma consequência de sua natureza
corpórea, ou seja, é uma expiação e ao mesmo tempo um meio de aperfeiçoar a sua
inteligência.
Sem o trabalho permaneceríamos numa
infância intelectual, porque devemos a ele a nossa alimentação, segurança e o
nosso bem-estar, pela atividade.
No entanto, é necessário que
reflitamos sobre o pão de cada dia. Muito desvalorizado, o pão de cada dia, é
deixado de lado à medida que buscamos a abundância.
Não somos suficientemente gratos pelo
pão cotidiano, visto que se assim fôssemos, não faltaria à coletividade
terrestre a perfeita noção da existência de Deus.
Quando nos integramos às
responsabilidades que assumimos nas organizações de trabalho, com a finalidade
de realizar o aprimoramento próprio, muitas vezes, por orgulho, descartamos a
magnânima bondade celestial que nos oportuniza recursos para a nossa própria
manutenção.
O Criador, ainda assim, deixa-nos a
crença de que o pão terrestre é nossa conquista, para que, em conformidade com
o ensinamento dos Espíritos amigos, nos aperfeiçoemos convenientemente no dom
de servir.
O Espírito Emmanuel, através da
mediunidade de Chico Xavier, refere que “o homem cavará o solo, espalhará as
sementes, defenderá o serviço e cooperará com a Natureza, mas germinação, o
crescimento, a florescência e a frutificação pertencem ao Todo-Misericordioso.
O servo trabalha e o Altíssimo lhe abençoa o suor”.
Infelizmente, estamos deixando de
lado esse processo de cooperação natural entre Criador e criatura que resulta
no alimento de cada dia. Ingratos, tornamo-nos orgulhosos e presunçosos.
Mesmo assim, se envidarmos esforços
para agregar-nos nesse processo de cooperação mútua e natural entendimento com
o Pai, poderemos, um dia, colher os doces frutos da perfeição em nosso próprio
espírito.
(Referências: Allan Kardec; O Livro dos
Espíritos; Necessidade do trabalho; Questão 676. Francisco Cândido Xavier pelo
Espírito Emmanuel; Caminho, Verdade e Vida; Capítulo 174)
José Artur M. Maruri dos Santos
Colaborador
da União Espírita Bageense
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*Coluna publicada pelo Jornal Minuano, em Bagé/RS, entre os dias 03 e 04 de maio de 2014.