terça-feira, 24 de junho de 2014

PALAVRAS DE MÃE

Emmanuel

“Sua mãe disse aos serventes: Fazei tudo quanto ele vos disser”. (João, 2:5.)
            
“O Evangelho é roteiro iluminado do qual Jesus é o centro divino. Nessa Carta da Redenção, rodeando-lhe a figura celeste, existem palavras, lembranças, dádivas e indicações muito amadas dos que foram legítimos colaboradores no mundo.
            
Recebemos aí recordações amigas de Paulo, de João, de Pedro, de companheiros outros do Senhor, e que não poderemos esquecer.
            
Temos igualmente, no Documento Sagrado, reminiscências de Maria. Examinemos suas preciosas palavras em Caná, cheias de sabedoria e amor materno.
            
Geralmente, quando os filhos procuram a carinhosa intervenção de mãe é que se sentem órfãos de ânimo ou necessitados de alegria. Por isso mesmo, em todos os lugares do mundo, é comum observarmos filhos discutindo com os pais e chorando ante corações maternos.
            
Interpretada com justiça por anjo tutelar do Cristianismo, às vezes é com imensas aflições que recorremos a Maria.
            
Em verdade, o versículo do apóstolo João não se refere a paisagens dolorosas. O episódio ocorre numa festa de bodas, mas podemos aproveitar-lhe a sublime expressão simbólica.
            
Também nós estamos na festa de noivado do Evangelho com a Terra. Apesar dos quase vinte séculos decorridos, o júbilo ainda é de noivado, porquanto não se verificou até agora a perfeita união... Nesse grande concerto da idéia renovadora, somos serventes humildes. Em muitas ocasiões, esgota-se o vinho da esperança. Sentimo-nos extenuados, desiludidos... Imploramos ternura maternal e eis que Maria nos responde: Fazei tudo quanto ele vos disser.
            
O conselho é sábio e profundo e foi colocado no princípio dos trabalhos de salvação.

            
Escutando semelhante advertência de Mãe, meditemos se realmente estaremos fazendo tudo quanto o Mestre nos disse”. (Mensagem extraída da obra Caminho, Verdade e Vida. Francisco Cândido Xavier pelo Espírito Emmanuel. FEB Editora. p. 357-358)    

José Artur M. Maruri dos Santos
Colaborador da União Espírita Bageense
josearturmaruri@hotmail.com

sexta-feira, 20 de junho de 2014

O ALÉM-TÚMULO*

E, se não há ressurreição de mortos, também o Cristo não ressuscitou”. (Paulo, I Coríntios, 15:13)
            
Através dos tempos, o além-túmulo intriga o homem de um modo geral. Diversas teorias teológicas tentam explicar a morte de uma forma que se harmonize com os interesses temporais e espirituais.
            
Algumas situam as almas em determinadas zonas de punição ou expurgo, outras, dizem não haver absolutamente nada. Algumas, chegam a atribuir a culpa porque devemos enfrentar a morte ao pecado cometido por Adão, concluindo que, após a morte, descansamos, submergindo num sono indefinível até o dia derradeiro consagrado ao Juízo Final.
            
Entretanto, o ser humano diferencia-se das demais criaturas à medida que pode raciocinar acerca da sua própria existência. Então, num exercício de raciocínio lógico, será que podemos concluir, sem sombra de dúvida, que iremos apenas “descansar” após o dia fatídico da grande transição?
            
Ainda, exercitando a lógica humana, será que podemos crer que nesse exato momento permaneçam adormecidas milhões de criaturas, aguardando o minuto decisivo de julgamento, quando o próprio Jesus se afirma em atividade incessante? Como acreditar que após a morte adentraremos no “nada”? Sendo assim, pode-se concluir pela existência do “nada” em algum lugar.
            
Respeitamos todos os argumentos teológicos, bases de inúmeras religiões, no entanto, não podemos desprezar a simplicidade da lógica humana.
            
Sócrates, um dos mestres da nossa filosofia, afirmara que “se a morte fosse a dissolução total do homem, seria um grande lucro para os maus, depois da sua morte, estarem livres, ao mesmo tempo, de seus corpos, de sua alma e dos seus vícios”. (O Evangelho Segundo o Espiritismo. Introdução. Item IX. IDE Editora. p. 21) 
            
Ora, apregoar o nada depois da morte significa proclamar a anulação de toda responsabilidade moral ulterior. É, por conseqüência, um excitante ao mal; que o mal tem tudo a ganhar com o nada. O Espiritismo, vale a ressalva, nos mostra, pelos exemplos que coloca diariamente sob nossos olhos, quanto é penosa para o mau a passagem de uma vida para a outra e a entrada na vida futura. (vide O Céu e o Inferno, 2ª parte, cap. I).
            
Paulo de Tarso, por sua vez, utiliza-se do raciocínio lógico de forma extremamente válida na citação ao topo da coluna. O Cristo nos ofereceu a lição básica quando, ao terceiro dia, ressuscitou. Ele demonstrou, com a sabedoria que lhe é peculiar, que ressurreição é vida infinita. E vida significa trabalho e criação incessante, inclusive, na eternidade.
            
Assim, Jesus reafirma a lógica humana, tanto no raciocínio dos filósofos da antiguidade ou na fé inabalável de Paulo de Tarso, provando, através da ressurreição, o quanto de trabalho e responsabilidades ainda temos pela frente após atravessarmos o portal de transição para a verdadeira vida.

            
Comentando o assunto, portas adentro do esforço cristão, somos compelidos a reconhecer que os negadores do processo evolutivo do homem espiritual, depois do sepulcro, definem-se contra o próprio Evangelho. O Mestre dos Mestres ressuscitou em trabalho edificante. Quem, desse modo, atravessará o portal da morte para cair em ociosidade incompreensível? Somos almas, em função de aperfeiçoamento, e, além do túmulo, encontramos a continuação do esforço e da vida”. (Caminho, Verdade e Vida. Francisco Cândido Xavier pelo Espírito Emmanuel. FEB Editora. P. 152)      

José Artur M. Maruri dos Santos
Colaborador da União Espírita Bageense
josearturmaruri@hotmail.com

*Coluna publicada pelo Jornal Minuano, em Bagé/RS, que circulou entre os dias 08 e 09 de fevereiro de 2014 e que também pode ser acompanhado pelo link Minuano Online.

sexta-feira, 13 de junho de 2014

NÃO VIM TRAZER A PAZ*


Credes que eu vim trazer a paz sobre a Terra? Não, eu vos asseguro, mas, ao contrário, a divisão; porque de hoje em diante, se se encontram cinco pessoas numa casa, elas estarão divididas umas contra as outras; três contra duas, e duas contra três. O pai estará em divisão com seu filho e filho com seu pai; a mãe com a filha, e a filha com a mãe; a sogra com a nora, e a nora com a sogra”. (São Lucas, cap. XII, v. de 49 a 53)
            
Como crer em um mestre que ora pregava o amor ao próximo, a doçura e a mansuetude e, ora dizia que não vinha para trazer a paz, mas a espada; que vinha separar o filho do pai e o esposa da esposa; que vinha lançar fogo sobre a Terra? Poder-se-ia até cometer o desatino de acusar o apóstolo de blasfemo por apor palavras desta natureza na boca do Mestre.
            
No entanto, as palavras do Messias foram reproduzidas exatamente como ele as disse. E elas reverberam o tamanho de sua sabedoria.
            

Allan Kardec, sempre iluminado nas suas alusões, ao editar este capítulo que ora abordamos, afirmou o seguinte[1]: “Toda ideia nova encontra forçosamente oposição, e não há uma única que tenha se estabelecido sem lutas; ora, em semelhante caso, a resistência está sempre em razão da importância dos resultados previstos, porque quanto mais é grande, mais fere interesses”.
            
O Codificador Francês tinha razão. Se observarmos a história veremos as dificuldades enfrentadas pelo Cristianismo que adveio já no declínio do Paganismo, mas ainda assim muitos cristãos foram levados às arenas para mortes horrendas, simplesmente na esperança do rejúbilo com o Senhor. Quanto a isso, vale a leitura das famosas obras Paulo e Estevão, Há Dois Mil Anos e Ave Cristo de autoria do Espírito Emmanuel e, também, Cristianismo e Espiritismo de Léon Denis.
            
Jesus era sabedor que os interesses imperavam naquela época e ele proclamava uma doutrina que remexia nas bases do farisaísmo, a doutrina dos túmulos caiados. Por outro lado, a doutrina do Cristo não atendia em nada os seus escusos interesses, de forma que levaram o Rabi à pesada e dolorida cruz, na tentativa vã de matar a sua ideia.
            
Não tiveram êxito. A ideia permaneceu viva e assim permanece até hoje.
            
Mas, então, o que o Mestre quis dizer quando disse que não veio trazer a paz?
            
Allan Kardec, mais uma vez, auxilia-nos no entendimento[2]: “Essas palavras de Jesus devem, pois, entender-se como as cóleras que ele previa que sua doutrina iria levantar, os conflitos momentâneos que lhe iriam ser a conseqüência, as lutas que teria que sustentar antes de se estabelecer, como ocorreu com os Hebreus antes de sua entrada na Terra Prometida, e não como um desígnio premeditado, da sua parte, de semear a desordem e a confusão”.
            
Enfim, este capítulo intitulado Moral Estranha veio ao nosso mundo, o mundo da matéria, com o objetivo claro de “restabelecer a ordem das coisas”. Há muito tempo Jesus previu que quando o campo estivesse preparado, ele nos enviaria o Consolador, o Espírito de Verdade, aquele que nos traria o conhecimento do verdadeiro sentido das suas palavras.
            
Assim, o Evangelho Segundo o Espiritismo oferece, no tempo certo, para todos aqueles que querem compreender as palavras do Meigo Nazareno, dando um basta às lutas que separam os irmãos em religiões e igrejas de pedra, a chave para um mundo nem tão novo assim, porque já anunciado há dois mil anos, um mundo onde o amor, a paz e a justiça reinam verdadeiramente.  

José Artur M. Maruri dos Santos
Colaborador da União Espírita Bageense
josearturmaruri@hotmail.com 



[1] KARDEC, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. XXIII, item 12.
[2] KARDEC, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. XXIII, item 16.

*Coluna publicada pelo Jornal Minuano que circulou entre os dias 01 e 02 de fevereiro de 2014 e que também pode ser acompanhado pelo link Jornal Minuano Online.