sexta-feira, 25 de abril de 2014

O DEVER*

Indistintamente o dever está sempre a chamar. Quem já não ouviu aquela famosa expressão: “o dever me chama”?
            
No dicionário da língua portuguesa o vocábulo dever significa “obrigação moral”.
            
O dever não está necessariamente ligado ao que as profissões impõem. Para o Espírito Lázaro, por exemplo, na obra O Evangelho Segundo o Espiritismo, “o dever é uma obrigação moral da criatura para consigo mesma, primeiro, e, em seguida, para com os outros”.
            
É muito sábia a afirmação do Espírito benevolente à medida que ele insere a obrigação moral do dever primeiramente em si. Isso porque, o dever íntimo de cada um está entregue ao próprio livre-arbítrio. Em outras palavras, a vitória sobre o dever não tem testemunhas e as derrotas estão libertas de qualquer repressão.
            
Lázaro diz mais, para ele “o dever é o resumo prático de todas as especulações morais; é uma bravura da alma que enfrenta as angústias da luta; é austero e brando; pronto a dobrar-se às mais diversas complicações, conserva-se inflexível diante das suas tentações”.
            
O dever, por assim dizer, eleva a alma conferindo vigor ao seu desenvolvimento.
            
No entanto, muitas vezes ele contraria as atrações do interesse e do coração, o que torna dificílimo o seu cumprimento. E aí se assenta outro ponto importante: onde começa o dever?
            
O dever se inicia exatamente no ponto em que ameaçamos a felicidade ou a tranquilidade do próximo. Então o dever que tem como primeira obrigação conosco, sem pestanejar transpõe esta etapa e alcança a mera ameaça à tranquilidade do nosso próximo.
            
“O homem que cumpre o seu dever ama a Deus mais do que as criaturas e ama as criaturas mais do que a si mesmo” (Lázaro, Paris, 1863).

            
É importante que reflitamos sobre o dever e suas implicações para nos aproximarmos do nosso Criador e, assim, refletir a beleza de sua obra que é eterna e perfeita.

José Artur M. Maruri dos Santos
Colaborador da União Espírita Bageense
josearturmaruri@hotmail.com

*Coluna veiculada pelo Jornal Minuano, em Bagé/RS, que circulou entre os dias 11 e 12 de janeiro de 2014 e que também pode ser acompanhada pelo link http://www.jornalminuano.com.br.

sexta-feira, 11 de abril de 2014

NECESSIDADE DA ENCARNAÇÃO*



A reprodução é uma lei da natureza, logo, sem ela, o mundo corporal pereceria. Esta colocação foi feita pela plêiade de Espíritos Benfeitores quando indagados por Allan Kardec, na obra O Livro dos Espíritos (questão 686).
            
A lei de reprodução está diretamente ligada à necessidade de encarnação. A passagem dos Espíritos pela vida corporal é necessária para que eles possam cumprir, por meio de uma ação material, os desígnios cuja execução Deus lhes confia.
            
O Espírito São Luís, em comunicação proferida em Paris, no ano de 1859, reproduzida na obra O Evangelho Segundo o Espiritismo, relata que a encarnação é necessária aos Espíritos, para o bem deles, visto que a atividade que são obrigados a exercer lhes auxilia o desenvolvimento da inteligência.
            
Por isso, sendo Deus soberanamente justo, tem de distribuir tudo igualmente por todos os seus filhos; assim é que estabeleceu para todos o mesmo ponto de partida, a mesma aptidão, as mesmas obrigações a cumprir e a mesma liberdade de proceder.
            
Sendo que o contrário, ou seja, qualquer privilégio, seria uma preferência. E toda preferência, uma injustiça.


Por outro lado, o próprio Espírito São Luís alerta que a encarnação é um estado transitório. E a tarefa dada por Deus, quando iniciada a vida, pode ser executada ou não, em conformidade com o uso que o Espírito fará de seu livre-arbítrio. Aqueles que a desempenharem com zelo irão transpor rapidamente e menos penosamente os primeiros graus da iniciação e mais cedo irão gozar dos frutos de seus labores.
            
Ao contrário, aqueles que usam mal da liberdade concedida pelo Criador retardarão sua marcha e poderão prolongar indefinidamente a necessidade da reencarnação, tornando-se um verdadeiro “castigo”.
            
O Espírito Camilo Cândido Botelho relata na obra Memórias de um Suicida, através da psicografia abençoada de Yvonne Pereira, que após o cometimento do suicídio e do longo período de aprendizagem no mundo espiritual tornou-se imperioso que ele reencarnasse para cumprir tarefa assumida há muito tempo e que ele sempre acabara por abreviar.
            
Foi quando tomado do sentido de dever seguiu em frente para cumpri-la dizendo para si mesmo: “Coragem, peregrino do pecado! Volta ao ponto de partida e reconstrói o teu destino e virtualiza o teu caráter aos embates remissores da Dor Educadora! Sofre e chora resignado, porque tuas lágrimas serão o manancial bendito onde se irá dessedentar tua consciência sequiosa de paz! (...) Mas tem paciência e sê humilde, lembrando-te de que tudo isso é passageiro, tende a se modificar com o teu reajustamento às sagradas leis que infringiste...e aprende, de uma vez para sempre, que – és imortal e que não será pelos desvios temerários do suicídio que a criatura humana encontrará o porto da verdadeira felicidade”.

            
Abençoada seja a lei de reprodução que nos descerra, Espíritos Imortais que somos, dia após dia, uma nova oportunidade, para novos recomeços, em todos os confins da Terra.


José Artur M. Maruri dos Santos
Colaborador da União Espírita Bageense
josearturmaruri@hotmail.com

*Coluna publicada pelo Jornal Minuano, em Bagé/RS, que circulou no dia 03 de janeiro de 2014 e que também pode ser acompanhada pelo link Jornal Minuano.