sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

A PAZ DE NELSON MANDELA*


“Tende paz entre vós.” – Paulo (I Tessalonicenses, 5:13)
            
Na última quinta-feira, mais precisamente em 05 de dezembro, desencarnou um dos maiores líderes pacificadores da sociedade terrena moderna: Nelson Mandela.
            
Nelson Mandela foi advogado, presidente da África do Sul de 1994 a 1999, considerado como o mais importante líder da África Negra e ganhador do Prêmio Nobel da Paz de 1993.
            
Até 2009, havia dedicado 67 anos de sua vida a serviço da humanidade, como advogado dos direitos humanos e prisioneiro de consciência, até tornar-se o primeiro presidente da África do Sul livre, razão pela qual, em sua homenagem, a Organização das Nações Unidas instituiu o “Dia Internacional Nelson Mandela”, no dia de seu nascimento (18 de julho), como forma de valorizar em todo o mundo a luta pela liberdade, pela justiça e pela democracia.
            
Ele foi o mais poderoso símbolo de resistência não-violenta contra o regime segregacionista do Apartheid, sistema racista oficializado em 1948. No dizer de Ali Abdessalam Treki, Presidente da Assembleia Geral das Nações Unidas, “um dos maiores líderes morais e políticos de nosso tempo”.
            
Na semana do passamento deste líder pacifista não podíamos deixar de tecer algumas reflexões sobre a paz. Em O Evangelho Segundo o Espiritismo consta-nos que “o dever é obrigação moral, diante de si mesmo primeiro e dos outros em seguida”. Dessa forma, o caminho da paz deve ser cumprido diante de nós mesmos, em primeiro lugar, diante da nossa família, do nosso trabalho e, posteriormente, do mundo.
            
O médium Francisco Cândido Xavier por diversas vezes manifestou-se sobre a paz e ele dizia com clareza: “a paz em nós não resulta de circunstâncias externas e, sim, da nossa tranqüilidade de consciência no dever cumprido”. No entanto, o Espírito Amigo Emmanuel alerta: “Há muita gente que busca a paz; raras pessoas, porém, tentam segui-la”.           
            
Nesse sentido, foi colocada na página oficial de Nelson Mandela no site de relacionamentos “facebook.com” uma mensagem de sua autoria de 1996, quando disse: “A morte é inevitável. Quando um homem fez o que considera seu dever para com seu povo e seu país, pode descansar em paz. Acredito ter feito esse esforço, e é por isso, então, que dormirei pela eternidade”.
            
Que realmente este líder missionário que lutou sem armas contra todo um regime segregacionista racista inspire-nos a alimentar-nos da paz. Que possamos cumprir com os nossos deveres com os outros e com nós mesmos, auxiliando para que o nosso Planeta seja um mundo de bem-aventuranças no entorno da paz de Jesus Cristo.
            
“Usemos para com os outros o alimento da paz, porque, estendendo paz aos outros, asseguramos paz a nós mesmos. E, com a paz, conseguiremos possuir espaço e tempo terrestres, em dimensões maiores, para que aprendamos e possamos, realmente, servir”. (Espírito Hilário Silva. Médium Chico Xavier. O Espírito da Verdade. Editora FEB. p. 62)  

José Artur M. Maruri dos Santos
Colaborador da União Espírita Bageense

Comente: josearturmaruri@hotmail.com

*Coluna publicada pelo Jornal Minuano que circulou em Bagé/RS e região entre os dias 07 e 08 de dezembro de 2013.

quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

SOBRE EDUCAÇÃO MORAL*


“Há um elemento, que se não costuma fazer pesar na balança e sem o qual a ciência econômica não passa de simples teoria. Esse elemento é a educação, não a educação intelectual, mas a educação moral. Não nos referimos, porém, à educação moral pelos livros e sim à que consiste na arte de formar os caracteres, à que incute hábitos, porquanto a educação é o conjunto dos hábitos adquiridos.” – Allan Kardec (O Livro dos Espíritos, questão 685-a)


A EDUCAÇÃO MORAL ENTRE RIVAIL E KARDEC

            
Allan Kardec era o pseudônimo adotado pelo Professor Rivail, eminente educador francês e discípulo de Pestalozzi, utilizado quando fundou a Filosofia Espírita com a publicação de O Livro dos Espíritos, em pleno século XIX, na “cidade-luz” Paris, num período político entre Napoleões.
            
O Livro dos Espíritos fez com que a gema preciosa apresentada pelos imortais se desentranhasse da pedra bruta da experimentação dos fenômenos espíritas, que passaram de objeto de diversão nos salões parisienses e europeus a objeto de observação do mais rígido espírito positivo da época para, posteriormente, formar toda uma filosofia ensinada pelos Espíritos interlocutores de Kardec, nas sessões espíritas em que o mestre se dedicou a pesquisar as relações que se podem estabelecer com os Espíritos.
            
Antes de estabelecer sua investigação em torno dos fenômenos psíquicos e espirituais, futuro objeto de estudos da Metapsíquica e, mais tarde, da Parapsicologia com Rhine, o professor Hippolyte-Léon Denizard Rival empreendeu seus esforços profissionais na obra da educação, particularmente na condição de mestre-escola e escritor que difundia, na prática educativa e nas reflexões teóricas propostas, o método postulado por Pestalozzi, educador suíço que fora mestre de Rivail, por sua vez, profundamente inspirado nos escritos do filósofo Rosseau.
            
A Educação Moral já fora objeto de estudos de Kardec como educador, quando propunha em alto e bom tom ao se referir às impressões que a criança recebe daqueles que tem a incumbência de educá-la, chegando a afirmar: “Toda prudência se faz necessária quanto à conduta que temos diante das crianças, pois facilmente criamos nelas uma boa ou má impressão”.[1] Cabe ressaltar que as investigações da Psicologia não eram suficientes sobre o tema, mas Rivail intuía a apreensão, por parte da criança, da “linguagem moral” habitualmente adotada pelos adultos que dela se acercavam. Era preciso ao educador moralizar-se para incutir, pelo exemplo e pelos processos educativos que estabelecia junto à infância, bons hábitos que superassem os comportamentos ambíguos ou frágeis produzidos pela má-educação, oriunda da hipocrisia religiosa da época, com o seu moralismo ultrajante ou do descaso de mestres incautos.


EDUCAÇÃO MORAL EM DIÁLOGO COM A ÉTICA

            
Como dito anteriormente, é preciso que o educador moralize-se para incutir bons hábitos. No entanto, um dos caminhos para tal moralização pode ser encontrado através do agir sob a ética.
            
Mas quando nasce a ética? Para Marilena Chaui[2], na obra Convite à Filosofia, a ética, também chamada de filosofia moral, nasce quando, além das questões sobre os costumes, também se busca compreender o caráter de cada pessoa, isto é, o senso moral e a consciência moral individuais.
            
Em o Livro dos Espíritos encontramos na questão 625 a indicação oferecida pelos Espíritos Superiores de qual o tipo mais perfeito que Deus ofereceu ao homem, aquele que lhe pudesse servir de guia e modelo e a resposta foi simples: Jesus.
            
Nele, segundo observação de Allan Kardec, encontramos, “o tipo da perfeição moral a que a humanidade pode aspirar na Terra”.
            
Mas como chegar lá? O próprio Livro dos Espíritos, na questão 919, aponta o meio mais prático para o homem melhorar nesta vida; e ele segue para um sábio da antiguidade que assim referiu: “conhece-te a ti mesmo”.
            
Através da ética exposta desde a antiguidade e que foi ministrada, inclusive, por Jesus, adquirimos a condição de dar conta racionalmente da dimensão moral humana, aumentando o conhecimento sobre nós mesmos.
            
Enfim, o próprio Allan Kardec[3], na obra A Gênese, acaba por concluir que “a regeneração da Humanidade não exige absolutamente a renovação integral dos Espíritos: basta uma modificação em suas disposições morais”.
            
Dessa forma, só podemos falar em regeneração da Humanidade se observarmos como anda a nossa Educação Moral. Bem como disse o Espírito Fénelon[4], em Poitiers, no ano de 1861, “a revolução que se apresta é antes moral do que material”.


José Artur Martins Maruri dos Santos
Advogado e Colaborador da União Espírita Bageense
josearturmaruri@hotmail.com

Vinícius Lousada
Educador e editor do blog saberesdoespirito.blogspot.com
vlousada@hotmail.com

*Coluna publicada pelo Jornal Minuano, em Bagé/RS, que circulou entre os dias 30 de novembro e 01 de dezembro de 2013.

[2] CHAUI, Marilena. Convite à Filosofia. Ática 2008, p.310.
[3] KARDEC, Allan. A Gênese. FEB Editora. Item 33. p.534.
[4] KARDEC, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo. FEB Editora. Item 10. p.69.

segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

O ESPIRITISMO E A INCREDULIDADE*


Uma dificuldade que o ser humano enfrenta na atualidade e que Allan Kardec já havia previsto, em sua época, que iríamos ter de enfrentar é o mal da incredulidade.
            
Vive-se, sempre, na expectativa do algo a mais. Em uma escalada social desenfreada que precisa se concretizar de qualquer forma. E o pior é que o ser humano não mede esforços para tanto, se não a conquista pelo trabalho, vai à busca por caminhos obscuros, muitas vezes condenáveis.
            
Nessa linha, quando o indivíduo não a conquista, ou se deprime, passando a viver por viver, entregue aos mais variados vícios que a dita civilização oferece, ou torna-se incrédulo.
            
O incrédulo, então, esforçando-se em matar as crenças, negligencia que terá uma conta a pagar pelo uso que houver feito de sua inteligência.
            
Entretanto, o Codificador do Espiritismo, Allan Kardec, na obra Viagem Espírita em 1862, relata que “a incredulidade deixa atrás de si uma vaga inquietude. Por mais que o homem procure iludir-se, não pode furtar-se de pensar algumas vezes no que lhe sucederá depois; mau grado seu, a idéia do nada o enregela. Quereria uma certeza e não a encontra; então flutua, hesita, duvida e a incerteza o mata; sente-se infeliz em meio aos prazeres materiais que não podem preencher o abismo do anda eu se abre à sua frente, e onde imagina que será precipitado”.
            
É exatamente nesse ponto que o Espiritismo se apresenta como uma luz. Ele retira o incrédulo do vazio com provas irrecusáveis, pela observação dos fatos. O Espiritismo não diz: - Crede, porque eu vo-lo digo, mas: Vede, tocai, compreendei e crede.
            
O Espiritismo, assim como outrora disse Jesus a Tomé, refere nos dias de hoje (JOÃO 20:27): “Coloque o seu dedo aqui; veja as minhas mãos. Estenda a mão e coloque-a no meu lado. Pare de duvidar e creia”.
            
É bem verdade, como disse Allan Kardec, que a falta de fé do homem no futuro é fruto da ideia que lhe dão, incapaz de satisfazer o seu gosto pelo positivo. Ideia vaga, abstrata. O Espiritismo, ao contrário, apresenta a alma como um ser circunscrito, semelhante a nós, menos o envoltório material de que se despojou, mas revestido de um invólucro fluídico, o que já é mais compreensível e faz com que se conceba melhor a sua individualidade. Fatos comprovados pela experiência com as relações incessantes do mundo visível e do mundo invisível, que se tornam solidários um com o outro.
            
O Espiritismo apóia-se sobre fatos. Esses fatos, de acordo com o raciocínio e uma lógica rigorosa, dão à Doutrina Espírita o caráter de positivismo que convém à nossa época” (Allan Kardec em Viagem Espírita em 1862, p.76, FEB Editora).

            
Dessa forma, o Espiritismo oferece uma via razoável e racional que acaba por satisfazer à inspiração instintiva do homem quanto ao futuro e o apresenta sob um aspecto que a razão pode admitir. 

José Artur M. Maruri dos Santos
Colaborador da União Espírita Bageense
Comente: josearturmaruri@hotmail.com

*Coluna publicada pelo Jornal Minuano que circulou entre os dias 23 e 24 de novembro de 2013.