sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

A PRÁTICA DA CARIDADE*







É bastante comum observar o indivíduo relatando que não lhe é possível praticar a caridade porque, muitas vezes, lhe falta o necessário para sobreviver. 

No entanto, O Evangelho Segundo o Espiritismo, de autoria de Allan Kardec, traz uma comunicação dada em 1860, na cidade de Lyon, por “Um Espírito Protetor” onde, dentre outras orientações, ele relata que a caridade se faz de inúmeras maneiras, pelos pensamentos, pelas palavras e pelas ações.

            
“Em pensamentos, orando pelos pobres abandonados, que morreram sem terem sequer vivido; uma prece de coração os alivia. Em palavras: dirigindo aos vossos companheiros alguns bons conselhos”.
             
Na última semana, mais uma vez, vivemos mais um episódio triste na crosta terrestre que se deu com a queda de um avião comercial com uma tripulação de aproximadamente 295 pessoas na Ucrânia, ocasionada pelo disparo de um míssil.

Será que não podemos fazer nada pelos irmãos que deixaram a Terra? Será que não podemos fazer nada pelos irmãos que ainda estão na Terra causando este terror? E por aqueles que se encontram ostensivamente em combate na Faixa de Gaza? Independentemente de lado, separatistas pró-Rússia e ucranianos, israelitas e palestinos, todos são irmãos, filhos do mesmo Pai e necessitam do nosso auxílio.
             
Podemos ser úteis sim ao lado da caridade, dirigindo bons pensamentos aos irmãos que necessitam, orando para que o Pai possa acolhê-los em seu infinito amor. Ele, em sua infinita misericórdia, pôs no fundo dos nossos corações uma sentinela vigilante que se chama consciência. Ela está sempre prestes a nos dar bons conselhos e se a interrogarmos serenamente será nossa grande aliada no aprendizado dessa prática chamada caridade.
            
"Meus amigos, a cada novo regimento o general entrega uma bandeira. Eu vos dou esta máxima do Cristo: ‘Amai-vos uns aos outros’. Praticai essa máxima: reunir-vos em torno dessa bandeira, e dela recebereis a felicidade e a consolação”. 

(Referências: Allan Kardec. O Evangelho Segundo o Espiritismo. FEB Editora. Capítulo 13. item 10. p. 274-275).              

José Artur M. Maruri dos Santos
Colaborador da União Espírita Bageense
Comente: josearturmaruri@hotmail.com

*Coluna publicada no Jornal Minuano, em Bagé/RS, que circulou entre os dias 19 e 20 de julho de 2014 e que também pode ser lida AQUI.

sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

FORA DO CRISTO NÃO HÁ SOLUÇÃO*




Infelizmente, toda semana surgem notícias em nossos meios de comunicação de novos escândalos financeiros envolvendo dinheiro público ou, até mesmo, uma máfia de ingressos para assistir a jogos da Copa do Mundo que rendia milhões e milhões de euros.
             
Como muito bem disse o Espírito Bezerra de Menezes “o mundo está repleto de espaço. Espaço nos continentes. Espaço nas cidades. Espaço nos campos. Mas o espaço não resolve o problema da cobiça”.
             
A miséria, a cobiça, o egoísmo, o desespero e o crime são chagas abertas pela ignorância da nossa sociedade e Bezerra de Menezes prescreve como único remédio eficiente o Evangelho de Jesus no coração humano.
             
O próprio “Espírito de Verdade”, em comunicação proferida no ano de 1860, perante a Sociedade Espírita de Paris, se disse tocado pelas nossas misérias e fraquezas, as quais perduram até os dias de hoje. Em suas palavras: “Estou demasiado tocado de compaixão pelas vossas misérias, por vossa imensa fraqueza, para não estender a mão em socorro aos infelizes extraviados que, vendo o céu, caem nos abismos do erro”.  
             
Na mesma comunicação o “Espírito de Verdade” pediu atenção para a doutrina nova que estava sendo revelada, disse ele: “O Espiritismo, como outrora a minha palavra, deve lembrar os incrédulos que acima deles reina a verdade imutável: o Deus bom, o Deus grande, que faz germinar as plantas e que levanta as ondas. Eu revelei a doutrina divina; e, como um segador, liguei em feixes o bem esparso pela humanidade, e disse: ‘Vinde a mim, todos vós que sofreis!’
             
O Espiritismo colabora, nos dias de hoje, com a construção de uma Humanidade nova, buscando irradiar a influência e a inspiração do Divino Mestre para que com isso tenhamos menos miséria, menos cobiça, menos egoísmo, menos desespero e menos crimes.
             
Mais uma vez vale citar o “Espírito de Verdade” quando ele clama: “Crede, amai, meditai todas as coisas que vos são reveladas; não misturem o joio ao bom grão, as utopias com as verdades. (...) Todas as verdades se encontram no Cristianismo; os erros que nele se enraizaram são de origem humana; e eis que, além túmulo, que acreditáveis vazios, vozes vos clamam: Irmãos! Nada perece. Jesus Cristo é o vencedor do; sede os vencedores da impiedade!”.
             
Parafraseando o conceito de Allan Kardec, em torno da caridade, proclamemos aos problemas do mundo: “Fora do Cristo não há solução”. 

(Referências: Chico Xavier e Waldo Viera por Espíritos diversos. O Espírito da Verdade. FEB Editora. p. 15-17. Allan Kardec. O Evangelho Segundo o Espiritismo. FEB Editora. item 5. p. 158-159).    

José Artur M. Maruri dos Santos
Colaborador da União Espírita Bageense
Comente: josearturmaruri@hotmail.com

*Coluna publicada no Jornal Minuano, em Bagé/RS, que circulou entre os dias 12 e 13 de julho de 2014.  

sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

A HONESTIDADE PERANTE DEUS*




Entre as definições mais polêmicas e subjetivas existentes nas ciências jurídicas enquadra-se a que se refere à “mulher honesta”.
            
O eminente jurista Nelson Hungria assim a definia: “mulher honesta não é somente aquela cuja conduta, sob o ponto de vista da moral, é irrepreensível, senão também aquela que ainda não rompeu com o minimum de decência exigido pelos bons costumes”.
            
 É bastante claro que a moral referida pelo doutrinador é a burguesa, de viés conservador e machista e os bons costumes são aqueles em que o sexo, para a mulher, só deve ser experimentado após o casamento.
            
No entanto, não seria este o espaço adequado para avançarmos em tais considerações. Ainda assim elas abrem espaço para que reflitamos sobre um item por demais importante, a honestidade.
             
Segundo o dicionário de língua portuguesa honestidade significa “característica ou particularidade honesto; qualidade de quem demonstra honradez. Que age de acordo com os princípios da moral vigente. Atributo do que é decente; qualidade do que possui pureza. Qualidade do que não se pode reprimir moralmente; castidade”.
             
É importante que se diga, entretanto, que a “mulher honesta” e a honestidade citada pelo dicionário de língua portuguesa trazem-nos o significado de honestidade segundo o juízo dos homens. Agora, será que o nosso juízo representa o juízo de honestidade perante Deus?
            
Joseph Bré, falecido em 1840 e evocado em Bordéus, por sua neta, em 1862, comunicou-se perante a Sociedade Espírita de Paris, presidida por Allan Kardec, e, entre outras coisas, disse o seguinte: “(...) Eu expio a minha descrença: porém, grande é a bondade de Deus, que atende às circunstâncias. Sofro, mas não como poderias imaginar: é o desgosto de não ter aproveitado melhor o tempo aí na Terra”.
             
Sua neta, em ato contínuo, indagou como isso poderia se dar, visto que ele sempre foi uma pessoa muito honesta, sendo redargüida por seu avô: “(...) há um abismo entre a honestidade perante os homens e honestidade perante Deus (...)”.
             
Ele prossegue: “Aí, entre vós, é reputado honesto aquele que respeita as leis de seu país, respeito arbitrário para muitos. Honesto é aquele que não prejudica o próximo ostensivamente, embora lhe arranque muitas vezes a felicidade e a honra, visto o código penal e a opinião pública não atingirem o culpado hipócrita. Em podendo fazer gravar na pedra do túmulo um epitáfio de virtude, julgam muitos terem pago sua dívida à Humanidade! Erro!”.
             
Enfim, como bem refere o Espírito há um grande abismo entre o honesto perante os homens e o honesto perante Deus. Ainda vivemos arraigados sobre conceitos etéreos como o da “mulher honesta”, enquanto temos exemplos de dignidade entre mulheres que não se enquadram no conceito do saudoso Nelson Hungria. Por isso, ao citarmos revelamos que tal conceito é bastante subjetivo e polêmico.
            
O homem honesto, perante Deus, deve evitar cuidadoso as palavras mordazes, veneno oculto sob flores, que destrói reputações e acabrunha o homem, muitas vezes cobrindo-o de ridículo. O homem honesto, segundo Deus, deve ter cerrado o coração a quaisquer germens de orgulho, de inveja, de ambição; deve ser paciente e benévolo para com os que o agredirem; deve perdoar do fundo dalma, sem esforços e sobretudo sem ostentação, a quem quer que o ofenda; deve, enfim, praticar o preceito conciso e grandioso que se resume no “amor de Deus sobre todas as coisas e do próximo como a si mesmo”. 

(Referências: Comentários ao Código Penal, v.8, 5ª ed., Rio de Janeiro: Forense, 1981, p.139. Dicionário online de Português. Allan Kardec. O Céu e o Inferno ou a Justiça Divina Segundo o Espiritismo. FEB Editora. p. 296-297)             

José Artur M. Maruri dos Santos
Colaborador da União Espírita Bageense
Comente: josearturmaruri@hotmail.com

*Coluna publicada pelo Jornal Minuano, em Bagé/RS, que circulou entre os dias 05 e 06 de julho de 2014 e que também pode ser acompanhada pelo www.jornalminuano.com.br.

sexta-feira, 28 de novembro de 2014

A AVAREZA*



Allan Kardec

“Dissertação moral ditada por São Luís à senhorita Ermance Dufaux em 06 de janeiro de 1858. (...)
             
Escuta-me avaro! Conheceis a felicidade? Sim, não é? Teus olhos brilham com um sombrio esplendor, nas órbitas que a avareza cavou mais profundamente; teus lábios se cerram; tuas narinas estremecem e teus ouvidos se apuram. Sim, ouço: é o tilintar do ouro que as tua mão acaricia, ao se derramar no teu esconderijo. Dizes: É a suprema volúpia. Silêncio: vem gente! Fecha depressa! Oh! como estás pálido! todo teu corpo estremece. Tranqüiliza-te; os passos se afastam. Abre: olha, ainda teu ouro. Abre, não tremas mais; estás sozinho. Ouves? Não é nada; é o vento que geme ao passar pelas frestas. Olha; quanto ouro! mergulha as mãos: faze soar o metal; tu és feliz.
             
Feliz, tu! mas a noite não te dá repouso e teu sono é atormentado por fantasmas.
             
Tens frio! Aproxima-te da lareira; aquece-te junto a esse fogo que crepita tão alegremente. Cai a neve; o viajor friorento envolve-se em seu manto e o pobre tirita sob seus andrajos. A chama da lareira diminui; atira mais lenha. Não, pára! É o teu ouro que consomes com essa madeira; é o teu ouro que queima.
             
Tens fome! Olha, toma; sacia-te; tudo isso é teu, pagaste com o teu ouro. Com o teu ouro! esta abundância te revolta; esse supérfluo é necessário para sustentar a vida? não, esse pedaço de pão será bastante; ainda é muito. Tuas roupas caem em frangalhos, tua casa se fende e ameaça ruir; sofres frio e fome, mas, que importa! Tens ouro!
            
Infeliz! A morte vai separar-te do ouro. Deixá-lo-á à beira do túmulo, como a poeira que o viajor sacode à soleira da porta, onde a família bem-amada o espera para festejar o seu regresso.
             
Teu sangue congelou-se em tuas veias, enfraquecido e envelhecido por tua voluntária miséria. Ávidos, os herdeiros atiram teu corpo num canto qualquer do cemitério; eis-te face a face com a eternidade. Miserável! Que fizeste do ouro que te foi confiado para aliviar o pobre? Ouves estas blasfêmias? vês estas lágrimas? este sangue? São as blasfêmias do sofrimento que terias podido acalmar; as lágrimas que fizeste correr; o sangue que derramaste. Tens horror de ti; desejarias fugir e não podes. Tu sofres, condenado! E te contorces em teu sofrimento! Sofre! Nada de piedade para ti. Não usaste de misericórdia para com teu irmão infeliz. Quem a teria por ti? Sofre! Sofre! Teu suplício não terá fim. Para te punir, quer Deus que assim o CREIAIS.
             
Observação de Allan Kardec – escutando o fim dessas eloqüentes e poéticas palavras, estávamos surpreendidos por ouvir São Luís falar da eternidade dos sofrimentos, enquanto todos os Espíritos superiores são concordes em combater tal crença, quando estas últimas palavras: Para te punir; quer Deus que assim o CREIAIS, vieram tudo explicar. Nós as reproduzimos nos caracteres gerais dos Espíritos de terceira ordem. De fato, quanto mais imperfeitos os Espíritos, mais restritas e circunscritas são as suas ideias; para eles o futuro está vago; não o compreendem. Sofrem; seus sofrimentos são longos e, para quem sofre por muito tempo, é sofrer sempre. Por si mesmo, esse pensamento já é um castigo”. 

(Referência: Allan Kardec. Revista Espírita. Fevereiro de 1858 p. 95-96)  

José Artur M. Maruri dos Santos
Colaborador da União Espírita Bageense
Comente: josearturmaruri@hotmail.com

*Coluna publicada no Jornal Minuano, em Bagé/RS, que circulou entre os dias 28 e 29 de junho de 2014 e que também pode ser acompanhado por AQUI.