quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

O NATAL E A CONCEPÇÃO DE JESUS*


Na próxima semana, no dia 25 de dezembro, cristãos do mundo inteiro irão reunir-se para celebrar a data eleita para simbolizar o nascimento de Jesus.
            
Ainda que um fato seja a concepção de Jesus e outro, bem diferente, seja o seu nascimento, ambos estão conectados e nos remetem a uma passagem bíblica (Lucas,1:26-38) que descreve como Maria foi envolvida pelo Espírito Santo, para que viesse a conceber Jesus. De forma que Jesus teria tido uma origem divina com um caráter miraculoso e antinatural.
            
Para entendermos verdadeiramente o porquê disso tudo é necessário que voltemos ao período pré-cristão. Época em que os povos ditos pagãos celebravam, no mesmo dia 25 de dezembro, o nascimento anual do Deus Sol que se dava no solstício de inverno (natalis invicti Solis).
            
Ocorre que, no terceiro século d.C, visando à conversão dos povos pagãos sob o domínio do Império Romano, a Igreja Católica adaptou as comemorações pagãs passando a celebrar o nascimento de Jesus de Nazaré. Por isso, até os dias de hoje, muitos não-cristãos também celebram no feriado natalino.
            
Nessa linha, era necessário que fossem retiradas todas as razões naturais do nascimento de Jesus oferecendo a ele um nascimento digno dos deuses mitológicos de Grécia e Roma, que tiveram nascimentos tão especiais quanto exóticos, mas totalmente irreais, refletindo apenas o imaginário lúdico ou fantasioso dos pensadores de diversas épocas.
            
Outra vertente refere como sendo compreensível que tendo sido a sexualidade vista como coisa impura pela impureza visual e sentimental humana, desde os tempos mais remotos, parecia verdadeiro “sacrilégio” crer que um Espírito Sublime, como o era Jesus, pudesse assumir um biótipo pelos mesmos canais pelos quais chega à Terra qualquer outra criatura humana.
            
Raul Teixeira, médium de relevantes serviços prestados ao Espiritismo, refere que “não há nenhum motivo lógico para que tenhamos vergonha de considerar e refletir a respeito da sexualidade na via de todo e qualquer Espírito, se Deus, o Criador, não se envergonha de havê-la criado e implantado em todos os seres, a fim de que pudessem dar conta dos fenômenos reprodutivos no planeta”.
            
O que não impedia que Maria de Nazaré tivesse contado com toda a assistência celestial de luminosas Entidades administradoras do progresso do mundo (Espírito Santo) que ofereceram o respaldo necessário para tal acontecimento.
            
No entanto, o próprio Nazareno afirmou (Mateus, 5:17-18): “Não penseis que vim destruir a lei e os profetas; eu não vim destruí-los, mas dar-lhes cumprimento”.
            
Assim, Raul Teixeira reafirma que a visão do Espiritismo acerca da concepção de Jesus Cristo não pode ser outra senão a das vias naturais. Segundo ele, “o ser humano Jesus viveu num corpo eminentemente físico, e, por isso, teve que ser gerado como o são todos os corpos físicos nascidos no planeta. Caso contrário, o Senhor já começaria a Sua chegada ao mundo desmentindo o que afirmou no texto do Capítulo 5, do Evangelista Mateus”. (Os Evagelhos e o Espiritismo. Divaldo P. Franco e Raul Teixeira. p.51)
            
Enfim, ficam os votos de que neste natal possamos rememorar e vivenciar um dos maiores legados deixados por Jesus para os habitantes da Terra: o amor ao próximo. 

José Artur M. Maruri dos Santos
Colaborador da União Espírita Bageense
Comente: josearturmaruri@hotmail.com

*Coluna publicada pelo Jornal Minuano, em Bagé, que circulou entre os dias 21 e 22 de dezembro de 2013.

quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

AGE COM RETIDÃO - POR VINÍCIUS LOUSADA

A coluna de hoje abre espaço para uma mensagem enviada por um grande colaborador com os serviços de divulgação do Espiritismo e amigo, o Professor Doutor Vinícius Lousada. Ele é pedagogo e, depois de deixar a nossa cidade, exerce suas atividades profissionais junto ao Instituto Federal Rio Grande do Sul, em Bento Gonçalves.
            
Vamos a ela:
            
No estudo sobre as paixões que os Espíritos Superiores levam a efeito junto a Allan Kardec, vamos apreender que o abuso daquelas é o fator em que reside o seu desequilíbrio moral. Neutras, em seu princípio, podem conduzi-lo a grandes realizações, desde que conscientemente dirigidas pelo Espírito imortal e postas a serviço de seu crescimento para Deus.
            
Tendo por fundamento uma necessidade natural ou um sentimento, a paixão que concita o indivíduo à sua natureza animal afasta-o de sua espiritualização e, doutra feita: “Todo sentimento que eleva o homem acima da natureza animal denota predominância do Espírito sobre a matéria e o aproxima da perfeição.” (O Livro dos Espíritos – questão 908)
            
Deriva desse raciocínio a constatação de que todo o sentimento e toda a necessidade exagerada em seu princípio, materializados pela ação, tende a nos atrelar a um estado de inferioridade espiritual. Contudo, a ação reta inspirada pela disposição afetiva enobrecida ou pela carência equilibrada favorece a espiritualização do indivíduo, diluindo as influências negativas do ego sobre o ser que, menos esclarecido, assume atitudes mendazes.
            
No estágio espiritual em que nos encontramos não é incomum surpreendermo-nos em equívoco no plano das ações, seja no campo mental, seja nas atitudes diárias ou no falar. Sem dar acolhida à hipocrisia, na análise crítica sobre si mesmo, instala-se a crise que antecede um novo tempo para a alma.
            
O sentimento de culpa pode ser um elemento que ressoe na consciência, devendo ser constatado para a imediata renovação das atitudes e não para que se torne combustível de intrincados processos de transtorno emocional ou obsessivo, pelo desgosto que o indivíduo passe a ter consigo mesmo.
            
Ao sentir-se alguém culpado seria oportuno que procurasse remontar às causas íntimas que o impulsionaram às atitudes incorretas, objetivando a devida correção moral e, perdoando-se, buscasse o equilíbrio reparando as faltas cometidas via prática do bem e cumprimento do dever.
            
Somos, assim, convidados à renovação das atitudes pelo sofrimento que o erro provoca e, sem o cultivo inútil de culpa, podemos mudar o rumo de nossas tendências pessoais.
            
A mentora Joanna de Ângelis afirma que a “atitude mantida pelo indivíduo em relação à vida e às demais pessoas é a radiografia moral que melhor o define.”  (FRANCO, Divaldo. Iluminação interior. (Ditado pelo Espírito Joanna de Ângelis). Salvador/BA: LEAL, 2006, p. 67) Oriundas dos hábitos cristalizados no comportamento, as atitudes expressam os sentimentos e as qualidades da criatura.
            
Na mesma mensagem, a benfeitora espiritual propõe uma eficaz tecnologia para a renovação das atitudes a quem queira agir de forma correta em prol da sua evolução espiritual. São passos simples ao alcance de quem tem vontade firme para esse cometimento feliz.
            
Primeiramente o sujeito deve abandonar o ressentimento e os sentimentos que dele derivam, para, logo em seguida, assumir atitudes edificadoras para fruir de abençoados momentos no imo da alma, na medida em se reveste do amor.
            
Em um passo adiante, é preciso construir hábitos mentais saudáveis que se transformarão em postura existencial formadora de comportamentos mais equilibrados.
            
Iluminar a mente com as lições do Evangelho de Jesus, meditando sobre seu conteúdo e enriquecendo o verbo com expressões edificadoras, para impulsionar a alma às atitudes nobres.

Cabe, também, nesse tentame, o desenvolvimento de clichês mentais de paz, compaixão, amorosidade profunda que fomentam o bem-estar que a retidão gera.

            
Assim sendo, coração amigo, procure ser fiel ao projeto renovador que abraça delineando-o nas ações corretas que, por sua vez, te levarão à saúde moral sonhada há tanto tempo”.

*Coluna publicada pelo Jornal Minuano, em Bagé/RS, que circulou entre os dias 14 e 15 de novembro de 2013.

sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

A IDOLATRIA*

Se alguém vos disser: ‘O Cristo está aqui’, não o procureis, mas, ao contrário, ponde-vos em guarda, porque são numerosos os falsos profetas. Então não vedes quando as folhas da figueira começam a embranquecer; não vedes os numerosos rebeldes ansiando pela época da floração; e o Cristo não vos disse: ‘Conhece-se a árvore pelos seus frutos’? Se, pois, os frutos são amargos, considerais a árvore má, mas se são doces e saudáveis, dizeis: ‘Nada tão puro poderia sair de um tronco mau’. (O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. 21, item 8)
            
O Espírito Luís, em Bordeux, França, no ano de 1861, manifestou-se diante de um grupo mediúnico dirigido por Allan Kardec e, dentre outras palavras, brindou-nos com as que abriram a coluna de hoje.
            
E ele não poderia ter sido mais feliz na citação da passagem evangélica ali transcrita. Isso porque, ainda hoje, núcleos religiosos e certas práticas, estranhas à Religião, têm usado a idolatria como tradição fundamental para manter viva a chama da fé e o calor do ideal.
            
O Espírito Benevolente diz mais: “Desconfiai dos que pretendem estar na posse da exclusiva e única verdade”!
            
Ainda assim, é nosso dever compreender e cultivar o respeito diante das convicções alheias, de modo a servirmos na libertação mental dos outros através do bom exemplo.
            
Foi nesse sentido que o Apóstolo Paulo em I Corítios, 10:7, asseverou: “não vos façais, pois, idólatras (...)”. A advertência apostólica vem comprovar que a Doutrina Cristã, em sua pureza de fundamentos, surgiu no clima da Galileia, dispensando a adoração indébita, em todas as circunstâncias, devendo-se exclusivamente à interferência humana os excedentes que lhe foram impostos ao exercício simples e natural.
            
Ademais, o Espírito Emmanuel vai ainda mais longe quando lembra que o hábito – idolatria – “vinculou-se tão profundamente ao espírito popular que, em plena atualidade, nos arraiais do Espiritismo Cristão, a desfraldar a bandeira da fé raciocinada, às vezes ainda encontramos criaturas tentando a substituição dos ídolos inertes pelos companheiros de carne e osso da experiência comum, quando chamados ao desempenho da responsabilidade mediúnica”. (O Espírito da Verdade; Chico Xavier e Waldo Vieira, Ed. FEB, p. 241)
            
Enfim, a nossa incumbência hoje é outra. Já é passada a hora de deixarmos para trás os ídolos mortos. Devemos sim buscar aplicar as nossas energias na edificação do bem desinteressado, na caridade pura e simples.
            
Somente assim, como refere Emmanuel, conseguiremos substancializar o ideal religioso, no progresso e na educação, prelibando as realidades da vida gloriosa.

 José Artur M. Maruri dos Santos
Colaborador da União Espírita Bageense

Comente: josearturmaruri@hotmail.com

*Coluna publicada pelo Jornal Minuano entre os dias 09 e 10 de novembro de 2013 e que também pode ser acompanhada pelo link jornalminuano.com.br.

segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

POR QUE A GALILEIA?*


Por que Jesus escolheu a Galileia, região desprezada da Judeia, como cenário principal de suas pregações?  
            
Para responder este questionamento é necessária uma incursão sobre a região referida. Galileia é uma grande região no norte de Israel que se confunde com a maior parte do distrito administrativo do norte do país. A tradição a divide em Alta Galileia, Baixa Galileia e a Galileia Ocidental.
            
Historicamente, segundo a Bíblia, Salomão recompensou Hiram I, para determinados serviços, dando-lhe de presente uma planície de terras altas entre as montanhas de Naftali. Hiram a chamou de “a terra de Cabul”.
            
Já na época romana, o país foi dividido em Judéia, Samaria e Galileia, que compreendia toda a seção norte do país, e foi a maior de todas as regiões, sendo conduzida por Herodes Antipas, filho de Herodes - o Grande, que governou como tetrarca da Galileia.
            
Ultimamente, no século 20, desde que boa parte do território da Galileia foi tomada pelos israelitas, após a Guerra árabe-israelense, em 1948, ficando sob o controle de Israel, ela foi centro de grandes conflitos entre árabes-israelitas e o Exército de Artilharia da Síria. Após, nos anos 70 e 80, uma organização denominada de Libertação da Palestina lançou vários ataques à região, tornando-a ainda mais tensa.
            
Ainda hoje, ao longo da fronteira internacional reconhecida pela Organização das Nações Unidas pode-se observar o clima tenso entre grupos pró-palestina como o Hezbollah e as tropas militares de Israel.
            
A Galileia, devido a sua alta pluviosidade (900-1200 mm), temperaturas amenas e altas montanhas, contém fauna e flora únicas, com vastos campos de flores silvestres e vegetação colorida, cortada por vários rios e cachoeiras.
            
No entanto, o que a tornou o cenário perfeito para as pregações evangélicas ministradas por Jesus, segundo o insigne orador Divaldo P. Franco, foi sua gente. Na ótica de Divaldo “a Galileia era, ao tempo de Jesus, a região dos mais humildes e mais sofredores, onde viviam as gentes simples de coração e de cultura elementar”.
            
Realmente, a Galileia de dois mil anos atrás era habitada por agricultores, tecelões, pescadores, negociantes modestos que ambicionavam apenas a conquista do pão, o repouso e a paz, sem os tremendos conflitos das regiões ditas civilizadas.
            
“Ali Jesus encontrou o material humano próprio para a divulgação da Sua mensagem, trabalhando o solo dos corações para nele ensementá-la, dando início à era de esperança e de paz”, refere Divaldo.
            
Por estarem na Galileia os mais simples, é que Jesus escolheu aquela região para tratar os enfermos, visto que afirmara ser o “medico das almas”, segundo outro grande expoente do Espiritismo, Raul Teixeira.
            
Dessa forma, podemos observar, sob a visão de Divaldo Franco, que outra grande lição nos foi deixada pelo Mestre Jesus com a escolha da região Galileia para ministrar a maior parte das lições evangélicas:
            
“O convívio com os simples e puros de coração faz muito bem e constitui estímulo para o trabalho de iluminação de consciência, ante os rebeldes e presunçosos que fingem conhecer tudo, negando-se ao esforço inadiável da transformação moral para melhor”.

 José Artur M. Maruri dos Santos
Colaborador da União Espírita Bageense

Comente: josearturmaruri@hotmail.com

*Coluna publicada pelo Jornal Minuano, em Bagé/RS, que circulou entre os dias 01, 02 e 03 de novembro de 2013 e que também pode ser acompanhada pelo link jornalminuano.com.br