segunda-feira, 29 de julho de 2013

DEÍSMO INDEPENDENTE*


Nos últimos tempos, principalmente entre os mais jovens, nota-se o crescimento do número daquelas pessoas que dizem crer apenas em uma “força superior que rege o Universo”. Que pode até ser Deus, mas não se preocupam em investigar se esta força será Ele ou não.
            
Essas pessoas fazem com que recordemos de uma doutrina chamada de “deísmo independente”. O deísmo propriamente dito compreende duas categorias bem distintas de crentes: os “deístas independentes”, já citados, e os “deístas providenciais”.
            
Os deístas independentes crêem em Deus e admitem seus atributos como criador. Deus, dizem eles, estabeleceu as leis gerais que regem o Universo, mas essas leis, uma vez criadas funcionam sozinhas e seu autor não se ocupa mais de nada. As criaturas fazem o que querem ou o que podem, sem que com isso se inquietem e Deus, não se ocupando conosco, nada há a agradecer-lhe, nem a pedir-lhe.
            
Como aqueles que creem em uma força superior que rege o Universo, os deístas independentes acabam por negar toda intervenção da providência na vida do homem. São como crianças que se creem bastante razoáveis para se livrarem da tutela, dos conselhos e da proteção de seus pais, ou que pensariam que seus pais não devem mais se ocupar delas, desde que as colocou no mundo.
            
Nas palavras de Allan Kardec, em Obras Póstumas, “esta crença é resultado do orgulho; é sempre o pensamento de estar submetido a uma força superior que melindra o amor-próprio e da qual procura libertar-se. Ao passo que uns recusam absolutamente essa força, outros consentem em reconhecer a sua existência, mas a condenam à nulidade”.
            
Não se pode deixar de lado, também, que há uma diferença essencial entre o deísta independente e o deísta providencial; este último, com efeito, crê não só na existência e no poder criador de Deus, na origem das coisas; crê ainda em sua intervenção incessante na criação e a pede, mas não admite o culto exterior e o dogmatismo atual.
            
É muito fácil apenas crer na tal força superior que rege o Universo e não se ocupar mais dela, porque, em tese, ela não se ocupa mais das criaturas depois de criá-las. É tão prático quanto à vida moderna, cheia de imediatismos que tem como único caminho o egoísmo cruel e obscuro.
            
Deus, inteligência suprema e Criador do Universo, é soberanamente justo e infinitamente bom, não tendo nem início e nem fim. Dada a nossa inferioridade, conseguimos conceber apenas alguns dos atributos da divindade, mas sem cogitar de decifrá-la, não por dogmatismo, mas por falta de instrumentos para lograr êxito no intento.
            
Ainda assim, podemos auxiliá-Lo na Sua obra de regeneração do planeta Terra, pois no âmbito de Sua infinita benevolência enviou, como modelo e guia para a humanidade, um de seus filhos mais evoluídos: o bom mestre Jesus de Nazaré.
            
Enfim, sigamos os passos do Cordeiro Divino e busquemos em seus exemplos magnânimos afastar-nos das chagas do egoísmo e do orgulho, nos dissociando das trevas e nos unindo ao caminho da luz.
             

José Artur M. Maruri dos Santos
Colaborador da União Espírita Bageense

Comente: josearturmaruri@hotmail.com

*Coluna publicada pelo Jornal Minuano, em Bagé, na edição que circulou entre os dias 27 e 28 de julho e que também pode ser acompanhada pelo MinuanoOnline

segunda-feira, 22 de julho de 2013

QUE SEJA BEM-VINDA A JORNADA MUNDIAL DA JUVENTUDE*


Na próxima semana, entre os dias 23 e 28 de julho, ocorre no Rio de Janeiro um evento grandioso organizado pela Igreja Católica e que reunirá milhares de jovens do mundo inteiro, inclusive com a presença do líder católico, o Papa Francisco.
            
Sensibilizada com um evento de tal magnitude e retrocedendo aos seus áureos tempos, a Federação Espírita Brasileira (FEB), na pessoa de seu atual presidente, Antonio Cesar Perri de Carvalho, emitiu nota à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), em apoio à Jornada Mundial da Juventude.
Para a FEB “(...) Movimentos que visam o fortalecimento da família e dos valores éticos e morais com base no Cristianismo merecem nossa admiração e apoio vibratório”.
            
Em resposta, a CNBB agradeceu “a atenciosa mensagem e cordial manifestação de apreço e consideração”.
            
Este evento tem uma magnitude ímpar porque religa o jovem a valores morais e éticos fortalecendo a família, o que nas palavras de Bezerra de Menezes, presidente da FEB em duas oportunidades (1889 e 1895-1900), significa que “os pais jamais deverão descuidar-se de aproximá-los dos serviços da evangelização, em cujas abençoadas atividades se propiciará a formação espiritual da criança e do jovem diante do porvir”. (Mensagem recebida pelo médium Julio Cesar Grandi Ribeiro, em sessão púbica no dia 02/08/1982, na Casa Espírita Cristã, em Vila Velha, Espírito Santo)
            
A família tem relevante função no processo evolutivo dos Espíritos reencarnantes. A maternidade e a paternidade constituem verdadeiras missões, visto que “Deus colocou o filho sob a tutela dos pais, a fim de que estes o dirijam pela senda do bem” (O Livro dos Espíritos, questão 582).
            
Os pais e familiares representam, nesse sentido, evangelizadores por excelência, assumindo séria tarefa educativa junto às crianças e aos jovens que compõem seu núcleo familiar, porém, as entidades religiosas não podem furtar-se de oferecer a sua parcela de contribuição.
            
Daí a importância deste evento organizado pela Igreja Católica, inclusive para os espíritas, o que se materializou através da nota de apoio da FEB.
            
Torna-se um dever para os espíritas vibrarem, desde já, pelo sucesso do evento que se avizinha na Capital Histórica do nosso País, Rio de Janeiro.
            

Vianna de Carvalho, um dos precursores da evangelização no Brasil referia que “o coração infanto-juvenil é abençoado solo onde se deve albergar a sementeira de vida eterna”, por isso, independentemente da orientação religiosa de casa ser, é necessário que os bons pensamentos convirjam para a Jornada Mundial da Juventude e que, assim, tenhamos cada vez mais jovens ligados aos movimentos de regeneração do nosso querido planeta Terra.


José Artur M. Maruri dos Santos
Colaborador da União Espírita Bageense

Comente: josearturmaruri@hotmail.com

*Coluna publicada no Jornal Minuano, em Bagé/RS, na edição que circulou entre os dias 20 e 21 de julho de 2013 e que também pode ser acompanhada no MinuanoOnline.

terça-feira, 16 de julho de 2013

ESPIRITISMO?*

Frequentemente as pessoas alheias ao Espiritismo fazem dele uma ideia completamente falsa.
            
O que falta, sobretudo, segundo Allan Kardec, é o “conhecimento do princípio, a chave primeira dos fenômenos”. Por isso, o que as pessoas vêem e ouvem é sem proveito e mesmo sem interesse.
            
Para Kardec a experiência demonstrou que apenas a visão ou o relato dos fenômenos não bastam para convencer. Aquele mesmo que é testemunha de fatos capazes de confundirem, fica mais espantado do que convencido; quanto mais o efeito parece extraordinário, mais dele se suspeita.
            
O que deriva disso é que somente um estudo prévio sério pode conduzir à convicção e não são raras as vezes que basta para mudar o curso das idéias inteiramente.
            
Feita esta breve introdução, vale dizer que “o Espiritismo é, ao mesmo tempo, uma ciência de observação e uma doutrina filosófica. Como ciência prática, consiste nas relações que se podem estabelecer com os Espíritos; como filosofia, compreende todas as conseqüências morais que decorrem dessas relações”. (Allan Kardec. Resumo da Lei dos Fenômenos Espíritas. 2009, IDE Editora, p.172)
            
Dessa forma, por se tratar de uma ciência de observação e uma doutrina filosófica, a participação em uma ou duas sessões não bastarão para modificar as falsas ideias assumidas com relação ao Espiritismo. O próprio Allan Kardec confessa na obra O Que é o Espiritismo que lhe foi necessário mais de um ano de trabalho para estar inteiramente convencido dos fenômenos que se apresentavam – e ainda se apresentam – espontaneamente e em abundância.
            
E nem poderia ser diferente se levarmos em consideração que os Espíritos não são seres à parte na criação; não são, também, seres vagos e indefinidos e nem fantasmas como nos contos de assombração. São as almas daqueles que viveram sobre a Terra ou em outros mundos, são semelhantes a nós, tendo um corpo igual ao nosso, mas fluídico e invisível no estado normal.
            
Para aquele que desejar aprofundar-se na questão proposta, indica-se a obra “O Que é o Espiritismo” de autoria de Allan Kardec e que segundo ele “é um resumo que não é somente útil para os iniciantes que poderão nele, em pouco tempo e sem muito esforço, haurir as noções mais essenciais, mas também o é para os adeptos aos quais ele fornece os meios para responder às primeiras objeções que não deixam de lhes fazer”.

José Artur M. Maruri dos Santos
Colaborador da União Espírita Bageense
Comente: josearturmaruri@hotmail.com

*Coluna publicada pelo Jornal Minuano, em Bagé/RS, entre os dias 13 e 14 de julho de 2013 e que também pode ser acompanhada pelo MinuanoOnline.

segunda-feira, 8 de julho de 2013

O PANTEÍSMO E SUA PROPOSTA*


Há algum tempo atrás expusemos neste espaço a existência de vários sistemas variáveis em função de crenças religiosas e filosóficas que resumiam cinco alternativas para a humanidade. Enumeramos, segundo Allan Kardec, em Obras Póstumas (IDE Editora, p. 137), o dogmatismo, abordado na ocasião; o panteísmo; o deísmo; o materialismo e o espiritismo.
            
Na coluna de hoje nos deteremos à proposta do panteísmo. Sistema pouco difundido nos dias atuais, mas com larga escala de adeptos no final do século 19.
            
O panteísmo foi popularizado tanto como uma teologia quanto uma filosofia baseado na obra de Bento de Espinosa, que escreveu o tratado de Ética, em resposta à teoria famosa de Descartes sobre a dualidade do corpo e do espírito, ainda no século 17.

Também conhecido como Baruch Spinoza
            
Para o panteísmo “o princípio inteligente ou alma, independente da matéria, no nascimento é haurido do todo universal; se individualiza em cada ser durante a vida, e, na morte, retorna à massa comum, como as gotas de chuva no Oceano” (KARDEC, Allan. Obras Póstumas, IDE Editora, p. 139).
            
O panteísmo é a crença de que tudo e todos compõem um deus abrangente e imanente, ou que o Universo e Deus são idênticos. Essa doutrina tende a divinizar os elementos da natureza, referindo-se à própria natureza por deus.
            
O adepto do panteísmo é aquele que acredita e tem a percepção da natureza e do Universo como divindade.
            
A consequência dessa doutrina é que sem individualidade, e sem consciência de si mesmo, o ser é como se não existisse; as conseqüências morais do panteísmo acabam sendo as mesmas que as da doutrina materialista, porque os laços morais são quebrados sem retorno na morte e, sendo as misérias da vida sem compensação, o suicídio torna-se o fim racional e lógico da existência do panteísta.     
             
José Artur M. Maruri dos Santos
Colaborador da União Espírita Bageense
Comente: josearturmaruri@hotmail.com

*Coluna publicada no Jornal Minuano, em Bagé/RS, que circulou entre os dias 06 e 07 de julho de 2013 e que também pode ser acompanhada pelo  MinuanoOnline.

terça-feira, 2 de julho de 2013

EM PLENA ERA NOVA*


Nem todos os que me dizem: Senhor! Senhor! entrarão no reino dos céus; apenas entrará aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus. Muitos, nesse dia, me dirão: Senhor! Senhor! não profetizamos em teu nome? Não expulsamos em teu nome o demônio? Não fizemos muitos milagres em teu nome? – Eu então lhes direi em altas vozes: Afastai-vos de mim, vós que fazeis obras de iniquidade. (São Mateus, 7:21 a 23)
            
Em momentos de transição planetária como o que vivemos atualmente, muitas pessoas saem às ruas expondo novos ideais, novas concepções sociais, políticas ou religiosas, no entanto, o fazem com vistas ao benefício próprio, com egoísmo, deixam de servir a Deus e tornam-se senhores da iniquidade.
            
Segundo o dicionário de português, iniquidade significa todo ato ou comportamento contrário à moral, à religião, à justiça, à igualdade, etc. Por isso que Jesus mencionou que nem todos que dizem “Senhor! Senhor! entrarão no reino dos céus”.
            
Allan Kardec, na obra O Evangelho Segundo o Espiritismo, indaga: “Serão cristãos os que o honram (o Senhor) com exteriores atos de devoção e, ao mesmo tempo, sacrificam ao orgulho, ao egoísmo, à cupidez e a todas as suas paixões? Serão seus discípulos os que passam os dias em oração e não se mostram nem melhores, nem mais caridosos, nem mais indulgentes para com os seus semelhantes? Não, porquanto, do mesmo modo que os fariseus, eles têm a prece nos lábios e não no coração”.
            
Em plena era nova, há criaturas que deixaram, na Terra, como único rastro, da vida robusta que usufruíram na carne, o mausoléu esquecido num canto ermo de cemitério. Sem lembranças úteis ou reminiscências em bases de fraternidade. Nenhum exemplo edificante ou alguma ideia que vencesse a barreira da mediocridade.
            
Restou na terra, à força, apenas o cadáver que nas palavras de Eurípedes Barsanulfo não é nada mais que um “retalho de matéria gasta que lhes vestira o espírito e que passa a ajudar, sem querer, no adubo às ervas bravas”.
            
Trata-se de criaturas iníquas que usaram os empréstimos do Pai exclusivamente para si mesmos, deixando de estendê-los aos companheiros de evolução.
            
Não podemos olvidar que muitos de nós já vivemos assim, entretanto, agora, os tempos são outros e as responsabilidades se mostram mais amplas. As palavras de Jesus são eternas porque constituem a verdade, o penhor da paz, da tranqüilidade e da estabilidade na vida terrestre, mas não apenas isso, constitui a preservação da vida celeste.
            
Dessa forma, como assevera Allan Kardec, as instituições humanas, políticas, sociais e religiosas, que se apoiarem nessas palavras, serão estáveis como a casa construída sobre a rocha, porém, as que transitarem sobre a iniquidade, serão como a casa edificada sobre a areia: o vento das renovações e o rio do progresso as arrastarão.
            
Em cada dia renasce a luz de uma nova vida e com a morte somente morrem as ilusões. O Espírito deve ser conhecido por suas obras. É necessário viver e servir. É necessário viver, meus irmãos, e ser mais do que pó!” (Eurípedes Barsanulfo extraído da obra O Espírito da Verdade. FEB Editora).

José Artur M. Maruri dos Santos
Colaborador da União Espírita Bageense
Comente: josearturmaruri@hotmail.com

*Coluna publicada pelo Jornal Minuano que circulou entre os dias  29 e 30 de junho de 2013 .