Bezerra de Menezes, médico, militar,
escritor, jornalista e grande expoente da Doutrina Espírita em território
brasileiro, também se dedicou à política.
Sua candidatura deu-se em 1860 pelo
Partido Liberal como representante da Paróquia de São Cristóvão, onde residia,
no Rio de Janeiro. Foi reeleito vereador e deputado provincial pelo Rio de
Janeiro.
Quando deputado provincial, já em
vias de abandonar a carreira política, em 1885, teve oportunidade de
manifestar-se sobre um projeto de lei, tido como um avanço abolicionista, que
fixava a idade limite para a escravidão em sessenta anos no Brasil. O diálogo
que segue foi extraído do filme “Bezerra de Menezes – O Diário de um Espírito”
e se encaixa perfeitamente aos anseios da população brasileira nos dias atuais.
Vale destacar que Bezerra de Menezes,
ainda hoje, nas esferas superiores, auxilia na evolução de nosso País.
“– Vossa Excelência sabe
perfeitamente que o movimento que levava de forma acelerada a efetivar-se a abolição
neste país foi bruscamente interrompido pelo projeto do dia quinze de julho.
– Não em Campos/RJ! (intervenção).
– Eu tenho a impressão que o nobre
Deputado pelo 6º Distrito veio a esta Tribuna mais como representante de sua
localidade do que mesmo para refutar as minhas proposições que representam a
mais pura verdade. Os fazendeiros de Campos, e eu dou testemunho, querem, como
diz o nobre Deputado, desenvolver as suas indústrias, mas têm se visto homens
cultos, de elevada posição social mesmo, desconhecerem os princípios mais
humanitários, e os abolicionistas querem e devem conter os desmandos destes
homens, mas o fazem dentro dos princípios e dos limites determinados pelas leis
deste país. Esses homens, senhor Presidente, são capazes de cometer as maiores
barbaridades contra escravos que são seus semelhantes e o nobre Deputado aqui
disse e aqui qualificou que esses atos não passam de abusos de abolicionistas.
– Mas um abuso não justifica outro!
Punam-se ambos! (nova intervenção)
– Me perdoe nobre Deputado, mas o que
se vê é que esses bárbaros que seviciam, eu diria mesmo, com furor ferino os
seus escravos, os seus irmãos, os seus semelhantes, até hoje não foram
condenados pela lei.
– Vossa Excelência pode apontar-me um fato de
um abolicionista processado por violência contra a propriedade servil ser
condenado? Não vai encontrar nenhum. (nova intervenção).
– Realmente, nobre Deputado, eu não
apresento um só, porque já que os senhores que torturam, barbarizam, seviciam
os escravos, que são seus semelhantes e não sofrem qualquer tipo de repressão,
por que os abolicionistas deveriam ser punidos por salvarem vidas?”
“Descrença, corrupção e
incredulidade! Eis, pois senhores, o sumário de todos os sintomas que oferece o
País, sob o tríplice ponto de vista onde o consideramos. E quem, depois disso,
ainda tão cego, que não divise nos horizontes da Pátria a nuvem negra da
tempestade? A Pátria está principalmente em perigo quando princípios tão
perniciosos, como esses que apontei se insinuam por todo o corpo social, pois
eles corrompem-lhe o sangue, gangrenam-lhe todo o organismo e tiram-lhe toda a
força de coesão necessária para resistir à exploração produzida pelo choque de
interesses sórdidos que tais princípios promovem com ampla generosidade. Senhores,
a sociedade brasileira está gravemente enferma, as extremidades estão frias e o
coração não tarda”.
"A política que eu compreendo não é uma especulação dos homens, é uma religião, a religião da Pátria, tão sagrada e obrigatória como o culto das verdades eternas que constitui a religião de Deus".
José
Artur M. Maruri dos Santos
Colaborador
da União Espírita Bageense
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*Coluna publicada no Jornal Minuano que circulou entre os dias 22 e 23 de junho de 2013 e que também pode ser acompanhada pelo link Minuano Online.