A visita do ilustre orador e médium Divaldo Pereira
Franco à nossa humilde cidade fez com que nos recordemos da oportunidade em que
Léon Denis, insigne precursor do Espiritismo moderno, esteve na cidade de
Domrémy, Vale do Mosa, França, lugarejo também muito simples e que viu nascer
entre seus verdes vales Joana D’Arc.
Joana era adepta do catolicismo,
religião que abraçou com fé, porém, isso nunca a impediu de “ouvir as suas vozes”.
Foi um exemplo claro de que os medianeiros do bem se espalham por todos os
lugares e independem do credo religioso.
Assim como Divaldo Pereira Franco,
possuidor de diferentes espécies de mediunidade, Joana D’arc, assim, também o
era. Porém, ela evidenciava-se mais como médium audiente.
Vejamos a narrativa de Léon Denis na
obra Joana D’arc Médium[1]:
“Voltei depois a Domrémy. Tornei a
contemplar a humilde casinha que a viu nascer; o aposento, arejado por estreito
respiradouro, cujas paredes seu corpo virginal, destinado à fogueira, roçou; o
armário rústico, onde guardava as roupas, e o sítio, onde, transportada, em
êxtase, ouvia as suas vozes, finalmente, a igreja onde tantas vezes orou”.
A propósito, é importante dizer que
segundo os estudos de Allan Kardec, depois de muito observar os fatos que se
apresentavam à sua frente – e se apresentam ainda hoje – pôde constatar que[2]
“toda pessoa que sente, em um grau qualquer, a influência dos Espíritos, por
isso mesmo, é médium”.
A mediunidade é uma faculdade
inerente ao homem e, em consequência disso, não é privilégio exclusivo.
Todavia, esta qualificação tem sido empregada apenas naquelas pessoas que a
apresentam nitidamente.
Joana D’arc, assim como incontáveis
pessoas, por ser uma médium audiente, ouvia a voz dos Espíritos. Ela podia, até
mesmo, entrar em conversação com eles. Em alguns se apresenta como uma voz
íntima que se faz ouvir no foro interior. Em outros, pode ser uma voz exterior,
clara e distinta como a de uma pessoa viva.
Allan Kardec assevera[3]
que “quando os médiuns audientes têm o
hábito de se comunicarem com certos Espíritos, os reconhecem imediatamente pelo
caráter da voz. É uma faculdade muito agradável quando o médium não ouve senão
os bons Espíritos, mas não ocorre o mesmo quando um mau Espírito se obstina
junto dele e o faz ouvir, a cada minuto, as coisas mais desagradáveis e
inconvenientes”.
Segundo Léon Denis, Joana D’arc ouvia
a voz do Espírito de Santa Catarina e de mais dois Espíritos que são
considerados santos na Igreja Católica, ou seja, ela detinha afinidade com bons
Espíritos.
A mediunidade, “um sexto sentido” nas
palavras de Divaldo Franco, da qual somos todos dotados, como muito bem
concluiu Allan Kardec, pode ser uma ferramenta importantíssima para que nos
auto-conheçamos, para que nos eduquemos, moralmente e também fisicamente, na
medida em que aprimoramos os nossos hábitos em busca de uma familiarização
maior com os bons Espíritos.
É preciso deixar de lado os
resquícios de um Santo Ofício que acabou levando para fogueira não apenas Joana
D’arc, mas inúmeros médiuns de escol, e identificar, dentro de nós, esse sexto
sentido, que irá revelar um mundo novo diante de nós para, quem sabe, nos
tornarmos verdadeiros medianeiros do bem em auxílio de Jesus nesse amanhecer de
uma nova era.
José
Artur M. Maruri dos Santos
Colaborador
da União Espírita Bageense
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josearturmaruri@hotmail.com
*Artigo publicado na edição de final de semana do Jornal Minuano em Bagé/RS e que pode ser acompanhado pelo link http://www.jornalminuano.com.br/noticia.php?id=86943&data=27/04/2013&ok=1.