segunda-feira, 29 de abril de 2013

OS MEDIANEIROS DO BEM*



A visita do ilustre orador e médium Divaldo Pereira Franco à nossa humilde cidade fez com que nos recordemos da oportunidade em que Léon Denis, insigne precursor do Espiritismo moderno, esteve na cidade de Domrémy, Vale do Mosa, França, lugarejo também muito simples e que viu nascer entre seus verdes vales Joana D’Arc.

Joana era adepta do catolicismo, religião que abraçou com fé, porém, isso nunca a impediu de “ouvir as suas vozes”. Foi um exemplo claro de que os medianeiros do bem se espalham por todos os lugares e independem do credo religioso.

Assim como Divaldo Pereira Franco, possuidor de diferentes espécies de mediunidade, Joana D’arc, assim, também o era. Porém, ela evidenciava-se mais como médium audiente.


Vejamos a narrativa de Léon Denis na obra Joana D’arc Médium[1]: “Voltei depois a Domrémy. Tornei a contemplar a humilde casinha que a viu nascer; o aposento, arejado por estreito respiradouro, cujas paredes seu corpo virginal, destinado à fogueira, roçou; o armário rústico, onde guardava as roupas, e o sítio, onde, transportada, em êxtase, ouvia as suas vozes, finalmente, a igreja onde tantas vezes orou”.
            
A propósito, é importante dizer que segundo os estudos de Allan Kardec, depois de muito observar os fatos que se apresentavam à sua frente – e se apresentam ainda hoje – pôde constatar que[2] “toda pessoa que sente, em um grau qualquer, a influência dos Espíritos, por isso mesmo, é médium”.
            
A mediunidade é uma faculdade inerente ao homem e, em consequência disso, não é privilégio exclusivo. Todavia, esta qualificação tem sido empregada apenas naquelas pessoas que a apresentam nitidamente.
            
Joana D’arc, assim como incontáveis pessoas, por ser uma médium audiente, ouvia a voz dos Espíritos. Ela podia, até mesmo, entrar em conversação com eles. Em alguns se apresenta como uma voz íntima que se faz ouvir no foro interior. Em outros, pode ser uma voz exterior, clara e distinta como a de uma pessoa viva.
            
Allan Kardec assevera[3] que “quando os médiuns audientes têm o hábito de se comunicarem com certos Espíritos, os reconhecem imediatamente pelo caráter da voz. É uma faculdade muito agradável quando o médium não ouve senão os bons Espíritos, mas não ocorre o mesmo quando um mau Espírito se obstina junto dele e o faz ouvir, a cada minuto, as coisas mais desagradáveis e inconvenientes”.
            
Segundo Léon Denis, Joana D’arc ouvia a voz do Espírito de Santa Catarina e de mais dois Espíritos que são considerados santos na Igreja Católica, ou seja, ela detinha afinidade com bons Espíritos.
            
A mediunidade, “um sexto sentido” nas palavras de Divaldo Franco, da qual somos todos dotados, como muito bem concluiu Allan Kardec, pode ser uma ferramenta importantíssima para que nos auto-conheçamos, para que nos eduquemos, moralmente e também fisicamente, na medida em que aprimoramos os nossos hábitos em busca de uma familiarização maior com os bons Espíritos.
            
É preciso deixar de lado os resquícios de um Santo Ofício que acabou levando para fogueira não apenas Joana D’arc, mas inúmeros médiuns de escol, e identificar, dentro de nós, esse sexto sentido, que irá revelar um mundo novo diante de nós para, quem sabe, nos tornarmos verdadeiros medianeiros do bem em auxílio de Jesus nesse amanhecer de uma nova era.

José Artur M. Maruri dos Santos
Colaborador da União Espírita Bageense
Comente: josearturmaruri@hotmail.com

*Artigo publicado na edição de final de semana do Jornal Minuano em Bagé/RS e que pode ser acompanhado pelo link http://www.jornalminuano.com.br/noticia.php?id=86943&data=27/04/2013&ok=1.


[1] DENIS, Léon. JOANA D’ARC MÉDIUM. Rio de Janeiro. Federação Espírita Brasileira, 2010. p. 24.
[2] KARDEC, Allan. O LIVRO DOS MÉDIUNS. Araras, SP. IDE Editora, 2008. p. 135.
[3] KARDEC, Allan. O LIVRO DOS MÉDIUNS. Araras, SP. IDE Editora, 2008. p. 139.

sexta-feira, 26 de abril de 2013

O ESPIRITISMO E SUA DESTINAÇÃO*



Há exatamente cento e cinquenta anos, no mesmo mês de janeiro, era publicado mais um número da Revue Espirite (Revista Espírita), Jornal de Estudos Psicológicos. Jornal com publicações mensais que continha relatos das manifestações materiais ou inteligentes dos Espíritos, aparições, evocações, etc., bem como todas as notícias relacionadas ao Espiritismo. A Revista Espírita tinha a direção de Allan Kardec.
            
Mas o curioso é que cento e cinquenta anos depois as pessoas já se indagavam sobre a existência ou não do Espiritismo e sua destinação. Por incrível que pareça, a questão se renova ainda hoje.
            
Nas palavras extraídas do chamado Écho de Sétif (Argélia, 09 de novembro de 1862), reproduzidas pela Revista Espírita, um homem utilizando a alcunha C***, relatava o seguinte (FEB Editora, Sexto Volume, ano de 1863, pag. 32): “Admitamos que o Espiritismo não existe e que tudo quanto se diz a respeito seja produto do erro, da alucinação de alguns espíritos doentios; mas nada significa ver seis milhões de criaturas, acometidas da mesma doença em sete ou oito anos?”
            
O senhor C***, no mesmo artigo, ainda confessava que era um incrédulo quando se tratava da temática transcendental, mas ao mesmo tempo detinha o pressentimento por grandes acontecimentos, porque de tempos em tempos o mundo sempre esteve inquieto, turbulento mesmo, sem se dar conta, às vésperas de épocas marcantes. Ele disse mais. O mundo, depois de ter atravessado uma época de materialismo assustador, experimentava a necessidade de uma crença espiritualista racional. Necessitava acreditar, crer, com conhecimento de causa. O Espiritismo oferecia – e oferece ainda hoje – as ferramentas úteis para crer, mas para crer com base em fatos. E os fatos que se deram desde a antiguidade, continuam se apresentando todos os dias nos quatro cantos do nosso Planeta.
            
Importante ressaltar que nos dias de hoje atravessamos as mesmas turbulências e inquietações globais e dizer que nada existe no movimento dos Espíritos é no mínimo uma temeridade. Basta que se observe a vida e a obra de Francisco Cândido Xavier, exemplo de humildade, o qual dedicou sua vida inteira para consolar os corações das mãezinhas sofredoras, oferecendo, aos incrédulos e materialistas, provas cabais da sobrevivência da alma após o desfalecimento do envoltório corporal. Ora, graças a homens como Chico Xavier, somos apresentados a fatos que provam indubitavelmente que formamos bem mais que um amontoado de células animadas por um cérebro. Somos Espíritos imortais, concebidos por Deus e destinados a perfeição, ainda que relativa.
            
O que nos resta claro ao analisarmos a Revista Espírita é que já naquela época os homens ditos de escol reservavam um pouco do seu tempo aos estudos da Doutrina Espírita, em busca do que uns chamavam de verdade e outros de erro. Mas fato é que o Espiritismo já apresentava coisas que não se podia acreditar sem se ver, sem se sentir e, assim, ele os continua apresentando até os dias de hoje.
            
No entanto, Allan Kardec já alertava na própria Revista Espírita (FEB Editora, Sexto Volume, ano de 1863, pag. 37) que “pelas provas patentes que dá da existência da alma e da vida futura, base de todas as religiões, o Espiritismo é a negação do materialismo e, por conseguinte, se dirige aos que negam ou duvidam (...). Ele não se impõe a ninguém e não violenta consciência alguma”.
            
Nesse sentido, se busca com este espaço reservado ao Espiritismo o esclarecimento para aqueles que assim desejarem, porque ele fala a todos pelos seus escritos e cada um é livre de adotar ou rejeitar sua maneira de encarar as coisas.

José Artur M. Maruri dos Santos
Colaborador da União Espírita Bageense
Comente: josearturmaruri@hotmail.com

*Artigo publicado pelo Jornal Minuano, em Bagé/RS, no dia 12 de janeiro 2013. 

segunda-feira, 8 de abril de 2013

A HUMILDADE COMO VIRTUDE IMPERECÍVEL


Eu vos rendo glória, meu Pai, Senhor do céu e da Terra, por haverdes ocultado essas coisas aos sábios e aos prudentes, e por as haver revelado aos simples e aos pequenos (São Mateus, cap. 11, v. 25)”.

Negócios de grande monta são celebrados a cada minuto entre grandes nações. Os homens utilizam-se, diariamente, maravilhosas atividades do intelecto para viverem incessantemente conectados a cotações de bolsas de valores e compenetrados no estudo dos mercados, esquecendo que as bolsas mais fortes sofrerão crises e que o comércio do mundo é versátil e, por vezes, ingrato.
            
Infelizmente, as pessoas vivem cada vez mais iludidas com as conquistas efêmeras que o mundo pode proporcionar, permanecendo assim por toda a vida, quando não, por várias encarnações.
            
Todas essas questões, num determinado momento, fazem com que os homens adquiram a rompância do ser superior, do ser infalível, tornando-se semideuses, o que contraria frontalmente as várias lições de amor e humildade ministradas pelo Salvador Nazareno.
            
Allan Kardec, na obra O Evangelho Segundo o Espiritismo, refere (cap. 7, item 6): “Ele (Jesus) toma uma criança como modelo da simplicidade de coração e diz: Será o maior no reino dos céus, quem se humilhar e se fizer pequeno como uma criança; quer dizer, quem não tiver nenhuma pretensão de superioridade ou de infalibilidade”.
            
A pessoa não admitir que ela mesma ou o seu semelhante possa estar equivocado, é assumir para si esse ar superior e elevar-se na Terra, oferecendo glória aos negócios terrenos em detrimento dos sentimentos eternos.
            
O Espírito Emmanuel, na obra psicografada pelo médium Francisco Cândido Xavier, “Caminho, Verdade e Vida” assevera (cap. 27) que “são muito raros os homens que se consagram aos seus interesses eternos. Frequentemente, lembram-se disso, muito tarde, quando o corpo permanece a morrer. Só então quebram o esquecimento fatal”.
            
O Espiritismo, como o próprio Allan Kardec ressalta, sanciona tal teoria com o exemplo de grandes no mundo dos Espíritos aqueles que eram pequenos na Terrena e, repetidas vezes, bem pequenos aqueles que nela eram os maiores e os mais poderosos.
            
Segundo o Codificador Lionês (O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. 7, item 6) “é que os primeiros levaram, em morrendo, aquilo que, unicamente, faz a verdadeira grandeza no céu e não se perde: as virtudes; enquanto que os outros deveriam deixar o que fazia sua grandeza na Terra, e não se leva: a fortuna, os títulos, a glória, o nascimento; não tendo nenhuma outra coisa, eles chegam no outro mundo desprovidos de tudo, como náufragos que tudo perderam, até suas vestes; não conservaram senão o orgulho que torna sua nova posição mais humilhante, porque vêem acima deles, e resplandecentes de glória, aqueles que espezinharam na Terra”.
            
Que possamos ser, desde já, como os simples e os pequenos que Jesus se referia, para que rendamos glórias apenas ao nosso Pai, observando virtudes eternas como a humildade, condição essencial para a felicidade, mesmo que assim tenhamos que oferecer um testemunho solitário aos olhos do mundo, mas iluminado para a vida eterna. 

José Artur M. Maruri dos Santos
Colaborador da União Espírita Bageense
Comente: josearturmaruri@hotmail.com

*Artigo publicado pelo Jornal Minuano, em Bagé/RS, edição de final de semana, dias 06 e 07 de abril de 2013. Pode ser lido também pelo link http://www.jornalminuano.com.br/noticia.php?id=86226

sexta-feira, 5 de abril de 2013

ELES ESTÃO VIVOS

Emmanuel

Ainda quando não reconheças, de pronto, semelhante verdade, eles te vêem e te escutam! Quanto possível, seguem-te os passos compartilhando-te problemas e aflições!

Aqueles que viste partir de mãos desfalecentes nas tuas, doando-te os derradeiros pensamentos terrestres, através dos olhos fitos nos teus, não estão mortos.

Entraram em novas dimensões de existência, mas prosseguem de coração vinculado ao teu coração.

Assinalam-te o afeto e agradecem-te a lembrança, no entanto, quase sempre se escoram em tua fé, buscando em ti a força precisa para a restauração espiritual que demandam.

Muitos deles, ainda inadaptados à vida diferente que são compelidos a facear, pedem serenidade em tua coragem e apoio em teu amor...

Outros, muitos, jazem mergulhados na bruma da saudade, detidos na sede reencontro, ante as requisições continuadas dos teus pensamentos de angústia.

Outros muitos seguem-te ainda...

Aqueles que se despediram de ti, depois de longa existência, abençoando-te a vida:

- os que amaste, indicando-lhes o caminho para esferas superiores;

- os que levantaste para a luz da esperança e aqueles outros que socorreste um dia, com o ósculo da amizade e da beneficência...

Todos te agradecem, entendendo-te os braços no sentido de te auxiliar a transpor as estradas que ainda te cabem percorrer.

Auxilia aos entes queridos na Espiritualidade, a fim de que te possam auxiliar! Se lhes recordas a presença e o carinho, preenche o vazio que te impuseram à alma, abraçando o trabalho que terão deixado por fazer.

Sê a voz que lhe reconforte os seres amados ainda na Terra, a força que lhe execute o serviço de paz e amor que não terminaram, a luz para aqueles que lhes lastimam a ausência em recantos da sombra, ou amparo em favor daqueles que desejariam continuar te sustentando no mundo!

Compadece-te dos entes queridos que te antecederam na Grande Libertação! Chora, porque a dor é fonte de energias renovadoras por dentro do coração, mas chora trabalhando e servindo, auxiliando e amando sempre!

E deixa que os corações amados, hoje no Mais Além, te enxuguem as lágrimas, inspirando-te ação e renovação, porque, no futuro, tê-los-ás a todos positivamente contigo nas alegrias do Novo Despertar.

Espírito Emmanuel
Psicografia do médium Francisco Cândido Xavier