149 - Em que se torna a alma no
instante da morte? – Volta a ser Espírito, quer dizer, retorna ao mundo dos
Espíritos, que deixou momentaneamente. (Allan Kardec. O Livro dos Espíritos,
capítulo 3, item 149)
Na
próxima sexta-feira, dia 02 de novembro, é comemorado pela Igreja Católica o
Dia de Finados e como de costume milhares de pessoas dirigem-se aos cemitérios
locais onde estão depositados os despojos mortais de seus entes queridos,
oportunidade em que suas lápides são higienizadas e suas memórias
reverenciadas.
Entretanto,
não é de agora que importante questão tem intrigado gerações: após a sua
carreira na Terra, para onde vai, pois, o homem?
Se
nos voltarmos para a história veremos que civilizações inteiras da Antiguidade,
como Cartago, as cidades gregas da Silícia, a própria Roma, foram dizimadas,
restando apenas alguns amontoados de pedras, as colinas silenciosas e as sepulturas
rodeadas de vegetação. Em que se transformaram estes grandes povos e suas
capitais gigantes?
Tal
impressão nos arrebata ainda mais quando nos deparamos com os entes que nos são
caros. Quanto a isso, Léon Denis, na obra Depois da Morte, assim assevera: “Um desses a quem amais vai morrer. Inclinado
para ele, com o coração opresso, vedes estender-se lentamente, sobre suas
feições, a sombra da morte. O foco interior nada mais dá que pálidos e trêmulos
lampejos; ei-lo que se enfraquece ainda, depois se extingue. E agora, tudo o
que nesse ser atestava a vida, esses olhos que brilhavam, essa boca que proferia
sons (...), tudo está velado, silencioso, inerte. Nesse leito fúnebre mais não
há que um cadáver!” (pag. 12).
Que
homem, debruçado sobre algum leito fúnebre ou mesmo no Dia de Finados, não se
pediu explicação desse mistério e não refletiu no que o espera a si próprio?
Afinal, certo é que ninguém escapou à lei.
A
morte, segundo o próprio Léon Denis, “é o
ponto de interrogação ante nós incessantemente colocado, o primeiro tema a que
se ligam inúmeras questões, cujo exame faz a preocupação, o desespero dos
séculos, a razão de ser de imensa cópia de sistemas filosóficos” (Depois da
Morte, pag. 13).
Em
meio a todos estes questionamentos, no apogeu do materialismo que dominava a
Europa em pleno século XIX, veio à tona uma crença nova, apoiada em fatos e que
oferece um refúgio onde se encontra, uma doutrina que trata do conhecimento das
leis eternas de progresso e de justiça. Atrás dela, doutrinas antes dadas como
mortas, como a hipnose e o magnetismo, renascem mais desenvolvidas. Reaparecem
numerosos fenômenos, antes desdenhados, cuja importância é pressentida por
certos sábios que vêm oferecer-lhe uma base de demonstração e de certeza.
É
sob efeito desses ensinos que a morte perde todo caráter de assustador. Ela
nada mais é que, segundo a interpretação de Léon Denis, uma transformação
necessária e uma renovação, pois nada perece realmente. O Espiritismo surge
para evidenciar, inequivocamente, que a morte é só aparente; somente muda a
forma exterior; o princípio da vida, a alma, fica em sua unidade permanente,
indestrutível.
Quando
estudamos a Doutrina Espírita desprovido de preconceitos, podemos ter a
certeza, constatada pelos fatos, estes caracterizados pelas inúmeras
comunicações obtidas em diferentes pontos do globo terrestre, que a alma se
acha, além do túmulo, na plenitude de suas faculdades, com todas as aquisições
com que se enriqueceu durante as suas existências terrestres: luzes,
aspirações, virtudes e potências. Tais são os bens imperecíveis que o Evangelho
se refere quando menciona: “Os vermes e a ferrugem não os consumirão nem os
ladrões os furtarão”.
Enfim,
bem-aventuradas as almas que serão lembradas nesse Dia de Finados, não pela
suntuosidade de suas lápides, mas pelo acúmulo destes bens que são as únicas
riquezas que poderemos levar conosco e utilizar na vida futura.
José Artur M. Maruri dos
Santos
Colaborador da União Espírita Bageense/Caminho
da Luz
*Artigo publicado no Jornal Minuano, em Bagé/RS, edição nº 4275, 31 de outubro de 2012.