Talvez a primeira coisa que vem à nossa
cabeça quando falamos em tolerância é a intolerância religiosa que vemos sendo
praticada intensamente no Oriente Médio entre Judeus e Palestinos, o que já
duram algumas décadas e já matou uma enorme quantidade de inocentes de ambos os
lados. A Guerra Santa, chamada de jihad pelos muçulmanos, se tornou o pretexto
para barbáries sem limites praticadas contra todos que não seguem o islamismo
(chamados de infiéis), com o agravante de serem praticadas em nome de Deus.
Durante nossa vida, grande parte dos nossos
erros é devido a todo tipo de intolerância. Criticamos constantemente nosso
semelhante por seus defeitos, nossos maridos e mulheres pelas mais diversas
manias, nossos filhos por suas limitações, nossos colegas de trabalho por suas
falhas. O que não enxergamos é que temos toda sorte de defeitos, limitações,
manias e que também falhamos o tempo todo, nos restando somente a completa
compreensão e aceitação de nossos irmãos tal qual eles são. Temos aí uma grande
falha de tolerância.
Allan Kardec leciona, na obra “O Evangelho
Segundo o Espiritismo”, que os ensinamentos divinos sobre a caridade abrangem
todos os tipos de tolerância que devemos praticar para seguir a vontade Deus e
alcançar a morada eterna do Pai. A primeira delas e a que encerra quase todas
as boas ações é “Amar ao próximo como a si mesmo: fazer com os outros, o que
quereríamos que os outros fizessem por nós”.
Dessas poucas palavras podemos concluir que
agir com indulgência, benevolência, compreensão e paciência é o caminho mais
claro para pôr em prática as Leis Divinas a alcançar a verdadeira fraternidade
para fazer reinar em nosso Planeta a paz e a justiça absolutas. Podemos resumir
que é fazer o bem em toda e qualquer circunstância.
O maior exemplo é nosso mestre Jesus, que
reuniu o grupo mais comum possível de homens, limitados e sem conhecimento
acadêmico, e os transformou no grupo que difundiu a Segunda Revelação Divina
para nós sob um turbilhão de perseguições e dificuldades de todos os tipos. Ele
conseguiu esse feito brilhante aproveitando o que tinha de melhor em cada um
deles, mostrando-os suas falhas e fazendo-os melhorar, dando o exemplo de uma
benevolência, compreensão e liderança sem limites.
Nunca conseguiremos nos igualar ao nosso sublime
Salvador, mas temos que perseguir este objetivo para aproveitar ao máximo a
preciosa oportunidade de aqui estarmos para nos depurar. Devemos ser um porto
seguro para todos que nos rodeiam, compreender com o máximo de bondade seus
erros e limitações e principalmente aceitar que cada um trilha o seu caminho da
redenção e de entendimento à sua maneira, cabendo-nos somente auxiliar quando
solicitado. Voltar os olhos para nós mesmos, e reconhecer através do auto-exame
constante, que também possuímos defeitos de todos os tipos, nos dá humildade
para aceitar as falhas dos outros. Enquanto apontamos um dedo para frente, três
se voltam pra nós lembrando-nos que nossa única preocupação deve ser nosso auto-aperfeiçoamento,
a oração e a vigilância.
O mais eficiente meio de ensinar é o exemplo,
as lições que divulgamos e nós mesmos descumprimos de nada adiantam, senão pra
semear a revolta e ensinar que palavras sem retidão são destituídas de valor.
Portanto, voltemos nosso senso crítico para o
nosso interior, sejamos benevolentes com nosso semelhante, retribuamos todo o
mal que nos fazem com o bem absoluto, tal qual o Mestre Nazareno. Aí se fará a
presença de Deus e estaremos cumprindo a maior de suas leis que é a caridade.
Filipe
Lima
Colaborador
da União Espírita Bageense – Caminho da Luz
limacav@hotmail.com