quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Estamos Sozinhos no Universo?



A obra O Céu e o Inferno ou a Justiça Divina Segundo o Espiritismo de Allan Kardec levanta uma questão que intriga todas as pessoas que se ocupam do Universo como um todo ou até mesmo da filosofia convencional: estamos sozinhos no sistema solar, na via láctea, no Universo?
No Capítulo VIII, item 14, da obra citada, Allan Kardec refere que “a humanidade não está limitada à Terra; ela ocupa inumeráveis mundos que circulam no espaço; povoou aqueles que desapareceram e povoará aqueles que se formarão. Deus tem criado por toda a eternidade e criará sem cessar”.
 Porém, Allan Kardec não extraiu este ensinamento do acaso, do nada, até mesmo porque, ele mesmo já havia chegado à conclusão de que se todo efeito remonta à uma causa, obrigatoriamente, todo efeito inteligente deve remontar à uma causa inteligente, ou seja, o nada não pode gerar nada que não seja o próprio nada.
Partindo dessa premissa, Allan Kardec só divulgou em suas obras conceitos extraídos dos ensinamentos ministrados pelos benfeitores espirituais que auxiliaram na divulgação da Nova Doutrina, a Doutrina dos Espíritos. E tais ensinamentos não vieram à tona apenas na França do Século XIX. Eles eram enviados para Kardec de diversos pontos do Planeta e após a verificação de sua autenticidade eram compilados pelo Codificador e publicados na Revista Espírita. Mais tarde deram origem a obras como O Livro dos Espíritos, O Evangelho Segundo o Espiritismo, O Céu e o Inferno, etc.
Feita esta breve inserção, podemos entender a experiência registrada pelo nosso amigo espiritual Camilo Cândido Botelho na obra Memórias de um Suicida de Yvonne A. Pereira.
Após uma rogativa isolada, triste e comovente de Camilo Cândido Botelho, Deus não o desamparou, o acolheu através da Legião dos Servos de Maria, como pudemos vislumbrar em nossa última publicação (http://bagespirita.blogspot.com/2012/01/quando-o-pai-atende-rogativa.html).
Recolhido, ele foi enviado para uma das muitas moradas existentes no Universo, local este denominado “Hospital Maria de Nazaré”, localizado em uma das muitas colônias espirituais que circundam a Terra, dentro dela e fora dela.
Vejamos através de suas próprias palavras (Memórias de um Suicida, pag. 68):
Depois de algum tempo de marcha, durante o qual tínhamos a impressão de estar vencendo grandes distâncias, vimos que foram descerradas as persianas, facultando-nos possibilidade de distinguir, no horizonte ainda afastado, severo conjunto de muralhas fortificadas, enquanto pesada fortaleza se elevava impondo respeitabilidade e termo na solidão que se cercava. Era uma região triste e desolada, envolvida em neblinas como toda a paisagem fora recoberta pelo solidário de continuadas nevadas (...). Apenas longas planícies brancas, colinas salpicando a vastidão, assemelhando-se a montículos acumulados pela neve. E ao fundo, plantadas no cento dessa nostalgia desoladora, muralhas ameaçadoras, a fortaleza grandiosa, padrão das velhas fortificações medievais, tendo por detalhe primordial meia dúzia de torres cujas linhas grandemente sugestivas despertariam a atenção de qual por ali transitasse”.
Ora, após o cometimento do ato nefasto Camilo não poderia ser enviado para o “céu” contemplativo criado e reproduzido pelos diversos artistas da Era Renascentista. A sapiência Divina, reproduzida pelo Cristo, já nos disse há dois mil anos que a cada um é ofertado segundo suas obras. Então, nada mais justo que após o seu arrependimento pelo ato atentatório que pôs fim a sua existência, Camilo fosse encaminhado para uma colônia correcional, o Hospital Maria de Nazaré, localizado nos arredores da Terra em algum dos muitos locais criados pelo Pai.
Dessa forma, quando observarmos as estrelas, planetas, cometas, ao menos desconfiaremos que tudo isto não foi criado pelo nada e ao acaso para abrigar apenas elementos químicos desordenados que não oferecem condições para a vida. Até podem não oferecer condições para a vida, mas para a vida como a nossa. São perfeitos para outras civilizações que dependem de outras condições para dar continuidade à sua caminhada evolutiva.
Quanto a isso Allan Kardec referiu no Capítulo III, item 2, de O Evangelho Segundo o Espiritismo:
A casa do Pai é o Universo. As diferentes moradas são os mundos que circulam no espaço infinito e oferecem, aos Espíritos que neles encarnam, moradas correspondentes ao adiantamento dos mesmos Espíritos. (...) Conforme se ache este mais ou menos depurado e desprendido dos laços materiais, variarão ao infinito o meio em que ele se encontre, o aspecto das coisas, as sensações que experimente, as percepções que tenha. Enquanto uns não se podem afastar da esfera onde viveram, outros se elevam e percorrem o espaço e os mundos”.
Enfim, fiquemos com as palavras de Jesus de Nazaré que em sua sabedoria podia até mesmo entrever o futuro da humanidade. Ele sabia que estaríamos até os dias de hoje intrigados com a possiblidade haver vida fora da Terra e asseverou (S. João, cap. XIV, vv. 1 a 3): “Não se turbe o vosso coração. – Credes em Deus, crede também em mim. Há muitas moradas na casa de meu Pai; se assim não fosse, já eu vo-lo teria dito, pois me vou para vos preparar o lugar. – Depois que me tenha ido e que vos houver preparado o lugar, voltarei e vos retirarei para mim, a fim de que onde eu estiver, também vós aí estejais”.
Assim, diante das palavras do Mestre Jesus associadas com os estudos de Allan Kardec e o relato de Camilo Cândido Botelho, não estamos diante de uma questão de fé, estamos diante de fatos. Não somos os únicos no Universo. Agora, cabe a nós trabalharmos contra o orgulho, o egoísmo, os vícios, para que possamos avançar para uma morada segura onde possamos evoluir moralmente.


José Artur M. Maruri dos Santos
Colaborador da União Espírita Bageense e Advogado
josearturmaruri@hotmail.com